Loading...

473 minutos de boa música instrumental


Para quem não se lembra, ou para quem dele nunca ouviu falar, Pau Brasil é o quinteto paulistano que revolucionou o cenário da música instrumental brasileira no início dos anos 1980. Sua história é rica em aperfeiçoamento de conceitos musicais, de shows no Brasil e no exterior, de reconhecimento tanto aqui quanto lá e de inúmeros seguidores de seus passos musicais, que formam uma verdadeira legião de amantes do som dos cinco do grupo.

Além de um libreto bilíngue escrito pelo jornalista Carlos Calado, que mostra toda a trajetória do grupo e suas inúmeras trocas de integrantes, o Caixote Pau Brasil inclui também os oito álbuns do quinteto. São mais de 473 minutos de regozijo, com interpretações supimpas de composições próprias ou de outros.

Pau Brasil (1983), cujos integrantes eram Nelson Ayres (piano e piano elétrico), Roberto Sion (saxofones e flauta), Rodolfo Stroeter (baixo elétrico fretless e baixo acústico), Paulo Bellinati (violão, guitarra e cavaquinho) e Azael Rodrigues (bateria).

Pindorama (1986), com Bob Wyatt na bateria, no lugar de Azael Rodrigues.

Cenas Brasileiras (1987), quando Nenê substituiu Bob Wyatt na bateria e na percussão.

Lá Vem a Tribo (1989): Lelo Nazario (piano e teclados), Rodolfo Stroeter (baixos elétrico e acústico), Teco Cardoso (saxes, flauta e flautas de bambu), Paulo Bellinati (violão, cavaquinho e viola) e Nenê (bateria e percussão).

Metrópolis Tropical (1993), os mesmos integrantes do CD anterior.

Música Viva (1995), Lelo Nazario (piano e teclados), Rodolfo Stroeter (baixos elétrico e acústico), Teco Cardoso (saxes, flauta e flautas de bambu), Marlui Miranda (voz, violão e flautas indígenas) e Zé Eduardo Nazario (bateria e percussão).

Babel (1997), os mesmos integrantes do CD anterior.

Pau Brasil’2005, Paulo Bellinati (violão), Rodolfo Stroeter (baixos elétrico e acústico), Nelson Ayres (piano e teclados), Ricardo Mosca (bateria) e Teco Cardoso (saxes alto e soprano e flautas).

Lendo o libreto e ouvindo os CDs, tem-se a certeza que, muito mais do que um quinteto que revolucionou a maneira de tocar temas instrumentais, o Pau Brasil tornou-se uma instituição, com força e personalidade próprias. Tanto que a saída de um componente e a entrada de outro, todos só feras – por melhor que fosse aquele ou este –, resultava sempre no aperfeiçoamento da performance do quinteto junto ao público, em melhor fusão da nossa música popular com o jazz norte-americano, em mais agilidade rítmica e melódica, em novas buscas de sonoridades brasileiras... enfim, findava em mais música, sempre virtuosa, experimental, jazzística, moderna, indígena, nordestina, paulistana ou planetária.

Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4

PS. Descanse em paz, Emilio Santiago. Você fará uma imensa falta.