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A Banda Mantiqueira, enfim, mostra a sua cara num esplêndido DVD


As oito músicas do DVD são basicamente do CD de 2005, seis delas lá estão registradas: “Vovô Manoel”, de Proveta, “Samba da Minha Terra”/“Saudade da Bahia”, de Dorival Caymmi, “Pau-de-Arara”/”Último Pau-de-Arara”/”Qui Nem Jiló”, de Gonzagão, Guio de Moraes, Venâncio e Corumba, J. Guimarães e Humberto Teixeira, “Santos/Jundiaí”, de Edson Alves, “Airegin”, de Sonny Rollins e Jon Hendriks, e “Feminina”, de Joyce. Além de duas músicas de João Bosco, “Linha de Passe”, já gravada no CD de 1996, e “Prêt-à-Porter de Tafetá”, do repertório de Bixiga. Tudo impressiona na Banda Mantiqueira, a começar por sua perseverante longevidade. No início dos anos 1990, ela deslanchou tocando no lendário bar paulistano Vou Vivendo, dos irmãos Altman, Helton à frente. Naquele palco diminuto, Nailor “Proveta” Azevedo (sax alto e clarinete) comandava aqueles que selecionou dentre os melhores músicos da cidade: Ubaldo Versolato (sax barítono, flauta e píccolo), Cacá Malaquias (sax tenor e flauta), Vinícius Dorin (sax tenor, soprano e flauta), François Lima (trombone de válvulas), Waldir Ferreira (trombone de vara), Nahor Gomes (trompete e Flugelhorn), Walmir Gil (trompete e Flugelhorn), Odésio Jericó (trompete e Flugelhorn), Jarbas Barbosa (guitarra elétrica), Edson Alves (contrabaixo elétrico), Lelo Izar (bateria), Fred Prince e Guello (percussão). Juntos, faziam a festa para os que lá se espremiam às segundas-feiras, durante quatro anos.A magia da Mantiqueira começa pelos arranjos – sete são de Proveta, um de Edson Alves –, cuja sonoridade, impregnada de contemporânea brasilidade instrumental, faz lembrar desde Severiano Araújo e a sua Orquestra Tabajara, até Count Basie e Duke Ellington. Cada arranjo tem sua base de sustentação na dinâmica dos sopros e no bom gosto das interpretações. A liberdade sonora de cada um de seus 14 integrantes soa feito um jazz nascido no Recife e não em New Orleans. Cada solo de melodia ou improviso sobre o tema é seguido ora pela entrada de todos os instrumentistas, ora por um dos naipes de metal, ora por um duo – tocando em uníssono ou abrindo acordes –, ora pela percussão. Esta diversidade de sons, somada à harmonia, sempre muito bem trabalhada, dá a cada música interpretada um sentido novo, diferente. A beleza de suas virtuosidades é contagiante.Com um belo cenário, concebido em gomos de tecido por Kiko Canepa e enriquecido pela iluminação de Hugo Peake, que os colore em tons de verde ou de azul ou de vermelho, a Banda Mantiqueira mostra a cara de seus ilustres integrantes. Gente que ama a música e faz dela ofício, com o qual tocam a vida enquanto deslumbram a nossa. Aquiles Rique Reis, músico e integrante do MPB4