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A herança de Baden


A arte maior, aprendida ainda na infância – aos 8 anos de idade foi estudar violão com um mestre do instrumento, Jaime Florence, simplesmente o grande Meira dos regionais de Benedito Lacerda e de Canhoto. Aos 10 vencia na Rádio Nacional o programa de iniciantes Papel Carbono, de Renato Murce, e deixava admirado o quadro de professores da Escola Nacional de Música, onde estudava teoria musical, harmonia e composição. Aos 15 anos, carregando no bolso uma autorização especial do Juizado de Menores, já era músico profissional e ganhava o seu dinheiro com o seu ofício. A herança bendita foi passada para os filhos: Baden vem a ser pai do pianista e tecladista Phillipe Banden-Powel e do violonista Louis Marcel Powell (ambos nascidos na França), dois craques em seus instrumentos. E tem um primo que também é fera no violão, o compositor e virtuose João de Aquino, que, como Baden, também trata as cordas com intimidade e autoridade impressionantes. Baden-Powell chegou no Rio de Janeiro ainda bebê de colo, indo morar primeiro em Vila Isabel, depois na Saúde e logo em São Cristóvão, onde passou toda a infância de estudos e a adolescência de braços dados com o braço do pinho. Em 1962 conheceu Vinícius de Moraes, com quem formaria uma das mais importantes parcerias da música popular brasileira (criaram juntos maravilhas como Só por amor, Consolação e Samba da bênção, entre tantas outras). Outro parceiro fundamental foi Paulo César Pinheiro, co-autor de Lapinha, a música vencedora da I Bienal do Samba, em 1969, e da obra-prima É de lei. A partir dos anos 60 começou sua carreira internacional, por diversos países da Europa, onde fazia turnês que duravam anos. Radicou-se na França e se tornou logo o instrumentista e compositor brasileiro mais importante lá fora, durante muito tempo. Gravou discos fundamentais e deixou – quando nos deixou, em 26 de setembro do ano 2000 – uma legião de admiradores e seguidores de sua batida de violão inconfundível.