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A música do Rio Grande do Sul pelo Trezegraus


Em 12 faixas, o grupo desfila um ótimo repertório, garimpado entre compositores também gaúchos: Thiago Colombo e James Liberato (com três composições cada), Paulo Dorfman (com participação especial, ao piano, nas suas “Perereca do Guinha” e “Põe Tinta no Carimbo”), Geraldo Flach (que tem participação especial, ao piano, no seu “Choro Amoroso”), Raul Ellwanger e Fausto Prado (uma cada). Tudo começa com a percussão se misturando com o violão, enquanto cabe à guitarra tocar a melodia da calorosa “Casa de Asas” (Fausto Prado). O baião come solto. O baixo sola. A percussão para, mas logo está de volta. O entusiasmo da cadência se acentua. O violão e a guitarra, ora solos, ora juntos, mixam ao baião um sotaque espanholado. Logo a seguir, a percussão e o violão tocam riffs de preciosa linguagem rítmica e harmônica. Resfolegam a zabumba e o violão. O ritmo mais uma vez cessa, para logo voltar ainda mais azougado. A guitarra improvisa. Juntos, todos seguem o baile, num animado arrasta-pé. Só falta a poeira levantar.Em “Pealo de Sangue” (Raul Elwanger), o baixo começa. A guitarra toca uma levada marcada. A percussão chega. Em duo, seguem por alguns compassos. O violão surge imponente, solando a bela e terna melodia. A levada é lírica como a intenção da composição de Elwanger. Bem leve, a percussão volta. O violão e a guitarra se revezam entre o solo da melodia e os improvisos. O baixo pede a vez e segura a onda, com o arco fazendo bonito. Sob a linha melódica, a cargo do baixo, a guitarra toca acordes até que volta a dar as cartas. O baixo agora está sob o som da guitarra. O violão não se faz de rogado: com um solo rasgado, dá à música a força de suas cordas. E assim, fim.Thiago Colombo compôs “Pro Santinho”. A guitarra faz as vezes de parceira do violão, o que a fortalece até que dele se desgarra e sola. O improviso volta ao violão, que logo o devolve à guitarra. O tamborim esquenta o coro para a guitarra continuar a melodia, enquanto o violão se faz de coadjuvante. Juntos fazem misérias.Em “Radamés” (James Liberato), o violão vem bem suave, e o tributo tem início com a guitarra improvisando. Bela é a melodia que se achega, singela. “O coro vai comer!”, avisa logo a percussão. E, de fato, come, pelas mãos do guitarrista e do violonista. O samba escancara. As peles da conga dão fôlego à guitarra e ao violão. A guitarra improvisa, embalada pelo violão que a reforça. Vozes se unem para a apoteose final que dá ao tema ares de festa.E assim, tocando boa música gaúcha, o Trezegraus fecha o seu bom álbum de estreia, e vai além: alarga fronteiras, encurta caminhos, une tendências e tudo transforma em boa música instrumental brasileira. Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4