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Anabela, uma estrela que sobe


A exemplo de Cidade das Noites, Pé de Vento também conta com os três caras que fizeram de Anabela uma estrela em ascensão. Assim como no primeiro CD, seus companheiros criaram sambas, marchas, valsas e canções que soam como tributo àquela que, com voz doce e afinada, lhes serve de grande intérprete. Além deles, agora estão também Moacyr Luz e Délcio Carvalho, duas parcerias cada um com Roberto Didio.  

Ao fazerem músicas impregnadas de tradição, Edu de Maria (também produtor musical e arranjador do CD) e Renato Martins esbanjam benfazeja inventividade. Os versos escritos por Roberto Didio são belos, como ardorosas são as suas emoções afloradas em palavras a léguas da mesmice.

Os arranjos têm atmosfera que brinda o futuro tirando o chapéu para o passado. Um trabalho em que cada música fala por Anabela e, ao mesmo tempo, por todos os seus companheiros.

As duas primeiras faixas são sambas de Renato Martins e Roberto Didio, bem como é samba a terceira faixa – só que esta, além de Renato e Didio, tem também Edu de Maria como autor. Sambas delicados, feitos à feição da voz suave e entoada, tranquila e emocionada, de Anabela.

No primeiro, “Hino Para Um Grande Amor” (Meu canto/ Sai de um coração sozinho/ Sai, mas sem deixar o meu caminho, enfim/ Vai nas madrugadas encontrar a dor/ Há de ser um hino para o grande amor), um naipe de dois violinos, um cello e uma viola se juntam a flauta, cavaquinho, violão de seis e de sete cordas e ao ritmo para sinalizar o prumo que terá o CD.

No segundo, “Alquimia”, os versos deslizam leves pela garganta de Anabela. Piano, cavaquinho e pandeiro reforçam a bela melodia. Edu de Maria, a exemplo do primeiro, criou o arranjo e tocou violão e ritmo.

A quarta faixa é “Vamos Viver” (Moacyr Luz e Roberto Didio), uma canção afetuosa, com arranjo apenas para violão e sanfona, na qual Anababela está tão à vontade quanto nos sambas.

“Dois Rumos” e “Velha Guarda” (Edu de Maria) são as únicas músicas do disco cujas letras não são de Didio. Na primeira, uma canção singela como Anabela, as cordas dão ao clima um ar de nostalgia; na segunda, o violão de Edu toca a introdução e leva a um gostoso samba em tom menor.

“Lacrimal” (Renato Martins e Roberto Didio), tocada apenas pelo violão de Edu de Maria, é uma das mais belas faixas do CD. Anabela agradece o presente e arrasa!

O trombone inicia “Minha Poesia” (Délcio Carvalho e Roberto Didio). O arranjo de Edu da Maria usa um naipe de sopros, piano, violão, cavaco, muita percussão... e o samba come solto.

O cello e a flauta iniciam “Pé de Vento” (Renato Martins e Didio). O baiãozinho que dá título ao disco rola à vontade, tão à vontade quanto está Anabela no desenrolar de todo o repertório de seu ótimo CD.

Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4