Loading...

Assim é o Duo Taufic


Para a apresentação eles selecionaram alguns temas de Bate rebate (Selo Sesc SP), seu primeiro CD inteiramente autoral. O álbum abre com o baião “Nosso Chão” (Eduardo Taufic), cuja introdução cabe ao violão. O piano sola. O violão acompanha. Logo os dois assumem o tema. O solo passa para o violão. Mais alguns compassos e os dois tocam acordes em uníssono. Tendo o violão a lhe acompanhar, logo o piano dedilha as teclas – o violão o acompanha triscando nas cordas. O piano improvisa, o violão o acompanha. Há um ralentando, seguido da retomada do ritmo. Um novo ralentando. Violão e piano improvisam. Fim. Meu Deus!

Arrebatadores, eles se valem da técnica para dela extrair emoção. São desafetados, tudo neles soa com a naturalidade dos que têm plena consciência dos seus predicados.

Outra faixa do CD, tocada também no show, é o samba “Brasil Express” (Roberto Taufic). Sua empolgação deriva da cadência acelerada da composição. Vários compassos após o samba arrepiar, a levada muda. Piano e violão revezam-se nos improvisos. O violão faz a base para o piano se esbaldar num solo irrequieto. Mais um ralentando... Fim.

“Choraminguando” (Eduardo Taufic), a quarta faixa do CD, também tocada no festival, é um choro delicioso. Violão e piano se multiplicam, fazendo  com a modernidade uma alvissareira homenagem ao gênero.

Assim como o anterior, “Bate Rebate” (Roberto Taufic), sexta faixa do disco, também presente no roteiro do show no festival, é um choro. O piano começa dando as cartas, seguido pelo violão, que bate e faz canastra real. Não há como perder, ouvindo os Taufic.

“Sobre as Nuvens” (Roberto Taufic) começa com o violão solando. Vários compassos à frente, chega o piano. Juntos fazem a cama para a participação especial do pianista e arranjador André Mehmari, que deita e rola – ele que é também o diretor musical do álbum. Só que nesta, a décima-terceira faixa do CD (também incluída no show em Jeri), Mehmari arrasa na sanfona.

Fechando a tampa, a bela voz de Luciana Alves interpreta “É Assim”, melodia e versos confessionais de Roberto Taufic: Pra mim/ A música é assim/ Sem ser, sem par, sem fim/ Que seja muito mais/ Se depender de mim/ Sem véu, sem camarim/ Sem bom e sem ruim/ Como quiser/ Natural/ E me envolver/ Afinal, ser!/ Pra mim/ Ser como algum lugar/ Ser como cada um/ A música é assim...

Ouvidas as treze faixas do disco, plenas de nuances rítmicas, uníssonos perfeitos, improvisos adequados às harmonias e primorosas sequências melódicas, alcançamos descobrir de onde vem a natural simplicidade dos Taufic: eles tocam como quem busca fazer de cada música uma obra-prima; assim sendo, fazem com que, de fato, elas assim sejam, posto que eles já são obras-mestres.

Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4