Loading...

Canções interioranas


A viola de dez está com Julio Santin; o corne inglês com Lia Gandelman; o fagote com Fabio Cury; os violões, ora com Mauricio Maestro, ora com Luiz Claudio Ramos, Mario Gil e Fernando Gama; o violino com João Daltro e José Alves; a viola com Jairo Diniz; o cello com Ocelo Mendonça e Marcio Mallard; a flauta com Ocelo Mendonça e Franklin da Flauta; o clarinete com Alexandre Ribeiro; a percussão com Firmino, Beto Cazes, Renato Braz e Bré; o acordeom com Thadeu Romano, André Mehmari e João Carlos Coutinho; o baixo com Zéli Silva, Jorge Helder e Mauricio Maestro; o piano com Leandro Braga e André Mehmari. Um elenco como esse poderia ser protagonista em qualquer disco gravado aqui ou no exterior. Porém, esses craques lá estão para possibilitar que a cantora, pianista, violonista e compositora Simone Guimarães e a compositora, troveira do encanto e produtora Cristina Saraiva gravassem Chão de Aquarela (Tiê Discos), álbum com o qual comemoram quinze anos de parceria. A sonoridade dos arranjos de Mauricio Maestro, Luiz Claudio Ramos e André Mehmari tem a ver com a música que vai ao coração interiorano que carregamos no peito, mesclada com a contemporaneidade harmônica que satisfaz ouvidos musicalmente mais exigentes. Exatamente o que Simone e Cristina tão bem alcançam compor. Cantando a realidade do interior, suas fantasias e quimeras, Simone Guimarães e Cristina Saraiva criaram as doze belíssimas canções (algumas inéditas) gravadas. “Desafios” abre o CD. O fagote soa bonito, o violão e o clarinete introduzem a melodia, que nos chega interpretada pelas autoras. Em “Um Canto de Amor”, elas cantam abrindo duas vozes, o que resulta perfeito, já que acordeom e viola de dez cordas criam a cama onde se deita a brasilidade. Agora é a vez de “Relento”, e lá estão de novo as vozes abertas e o som interiorano, cujo arranjo se basta com violão, baixo e viola de dez. “Estrela da Noite” tem a participação especial de Renato Braz cantando com Simone. Cello e piano, mais violão e percussão criam atmosfera das lonjuras do Brasil profundo. Os violões e a viola de dez ponteiam a introdução de “Estrela do Meu Bem Querer”; as vozes mantêm o duo, enquanto a percussão e o acordeom lançam luz na noite enluarada. Assim também é em “Olhos de Fogo” e “Beijo”. Viola de dez cordas, corne inglês, fagote, violões de seis e de doze cordas, violino, viola, cello, flauta, clarinete, percussão, acordeom, baixo e piano soam como se tocados no alpendre de onde pendem samambaias choronas. A brisa traz o perfume difuso das flores que se dão à lua e às estrelas. Vinda do céu límpido, a claridade noturna lança as sombras das árvores no chão.Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4