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Candeia 80: samba e resistência


 

O Candeia participativo e contestador desponta na segunda metade dos anos 70, quando, graças à abertura política, os movimentos populares retomaram sua organização. É dessa época a criação do Centro de Estudos Afro­Asiáticos e do Instituto Popular de Cultura Negra, órgãos importantes para a retomada dos movimentos negros no Rio de Janeiro. Muito ligado aos dirigentes e militantes do Centro e do Instituto, Candeia funda o Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo, com duas premissas básicas: a “valorização das culturas negras em tudo o que se refere às suas aspirações” e também a “valorização da manifestação da arte popular, há muito banida das escolas de samba”.

Voltou a brilhar em 1995, quando o parceiro Martinho da Vila gravou o disco Tá delícia, tá gostoso, no qual incluiu um pot­pourri chamado “Em memória de Candeia”, que tinha as faixas Dia de graça, Filosofia do samba, De qualquer maneira, Peixeiro grã­fino e Não tem vencedor.

Enquanto houver samba haverá Candeia. A máxima está traduzida na canção­homenagem composta por Luiz Carlos da Vila, lembrando e perpetuando a memória do mestre e amigo: “A chama não se apagou/Nem se apagará/És luz de eterno fulgor, Candeia”. Em 1997 foram relançados em CD três discos de Candeia: Samba da antiga, de 1970, Filosofia do samba, lançado originalmente em 1971 e Samba de roda, de 1974. Foi um homem valente, que enfrentou algumas adversidades na vida com determinação e força. Viveu os seus últimos anos (mais de 10) preso a uma cadeira de rodas, em decorrência de um tiro na coluna vertebral – depois de uma discussão no trânsito, no final da década de sessenta. Policial Civil, se aposentou por invalidez após o acidente e pôde, então, se dedicar mais à música, aos movimentos musicais e às causas sociais de seu povo.