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Da moda à metrópole, as grandes transformações


Centrado nas trajetórias da modelo Kate Moss e dos estilistas Marc Jacobs e Alexandre McQueen, a grande falha do livro é não haver qualquer depoimento dos três à jornalista, que montou uma colcha de retalhos bem cerzida por informações de bastidores, obtidas junto a pessoas ligadas ao trio. Uma tática, talvez, para manter a isenção, sem envolvimento com os personagens reais. A capitalização da cultura alternativa é apresentada como um fenômeno criativo de captação de tendências novas, não como uma busca objetiva de novos consumidores. 

A evolução dos costumes ao longo de quase um século é o pano de fundo de Minha Paris, minha memória (Bertrand Brasil, R$ 35), os registros pessoais desde a infância do sociólogo Edgar Morin. Nascido em 1921, ele trata a  cidade como um personagem mais do que o cenário de boa parte de sua vida. Cada endereço, os cinemas locais, bares, restaurantes, parques – cada canto tem uma história escondida, soterrada sob a invasão nazista e as novas formas de ocupação urbana. Apesar da especulação imobiliária que tornou a vida caríssima nos bairros centrais, Morin resiste em deixar de sua cidade natal, onde as lembranças ressurgem a cada passeio.

Transformações ambientais, sociais, econômicas estão no ambicioso História do Futuro: o horizonte do Brasil no século XXI (Intrínseca, R$ 49,50), da jornalista Míriam Leitão, que entrevistou demógrafos, economistas, educadores e especialistas em diferentes áreas, entre elas a ambiental, para traçar um panorama das perspectivas do País, baseada em pesquisas que fez ao longo de quatro anos. À maior expectativa de vida do brasileiro corresponde uma redução nas taxas de natalidade, fruto do adiamento da maternidade por razões profissionais. A ascensão da Classe C, a soberania alimentar, os desafios desenvolvimentistas diante das ameaças ao meio ambiente, as novas formas de obtenção de energia, além da concentração populacional nas grandes cidades são alguns dos temas em análise.