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Desconstruções literárias ou literais


A investigação e o processo judicial contra a americana Amanda Knox, acusada de matar outra jovem, quando ambas estudavam na Itália, foi a inspiração para A Estrela (Rocco, R$ 44,50 ), segundo a própria autora, a celebrada Jennifer duBois. Na trama, ambientada em Buenos Aires, as duas jovens dividem um quarto numa casa que recebe estudantes de intercâmbio. O comportamento pouco convencional de Lily, que gosta de explorar a cidade e se envolve romanticamente com um vizinho esquisitão, é o motivo para torna-la a principal suspeita do assassinato da bela, estudiosa e pacata Katy. Os pais de Katy, o promotor do caso, o vizinho e a acusada relembram a história, cada qual por seu ângulo. Segundo romance de Jennifer duBois, o livro chamou a atenção da crítica por sua forma inusitada, que vai além do simples thriller. 

Menos elaborado, mas também puxando cortinas que escondem a realidade, Boa noite, estranho (Novo Conceito, R$ 39,90), de Jennifer Weiner. A divertida novela policial é contada na primeira pessoa por uma dona de casa de Connecticut, que trocou uma desilusão amorosa e o glamour urbano de Nova York por um casamento sem grandes emoções. Deslocada entre as mães do subúrbio, todas perfeitas donas de casa que administram lares e famílias felizes, ela resolve desvendar o assassinato de uma vizinha, descobrindo que as aparências enganam.

O enredo e a ambientação lembram Colmeia – Só há lugar para uma rainha (Record, R$ 45), da britânica Gill Hornby, que também esmiúça as relações das mulheres de classe média que largam a profissão para se dedicar à criação dos filhos. Falta apenas o sarcasmo afiado e a crítica social de Hornby para tornar o texto de Jennifer Weiner mais do que uma leitura agradável. 

Em campo mais concreto, um novo nicho bem sucedido no mercado editorial são os livros de passatempos para adultos que consigam se apropriar desses volumes, colando figurinhas, rasgando páginas, cortando imagens dessas versões contemporâneas de almanaques de atividades juvenis. Os primeiros a chegarem por aqui tinham a assinatura de designers “de guerrilha”, como Keri Smith, autora de Destrua este diário (Intrínseca, R$ 24,90).

Semelhante a ele é The Pointless Book: um livro sem noção (Verus, R$ 25), que já anuncia na capa: "Iniciado por Alfie Deyes, terminado por você”. Menos radicais são os títulos que prometem relaxamento a quem se dispuser a pintar flores, mandalas e diferentes estampas.

O grande sucesso do momento é Jardim Secreto: Livro de colorir e caça ao tesouro antiestresse (Sextante, R$ 29,90), da ilustradora Johana Basford. Há meses nas listas de mais vendidos, eles oferecem um entretenimento barato e, certamente, sem os efeitos colaterais dos antidepressivos.