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ERROS, ATÉ QUE PONTO?


“Algumas pessoas nunca cometem o mesmo erro duas vezes. Descobrem sempre novos erros para cometer” (Mark Twain).


Refletindo sobre o caminho tortuoso na gestão da pandemia desde seu comecinho, um dos amigos (e interlocutores) que fiz quando trabalhava no BID em Washington me telefonou ontem um tanto aflito para perguntar de chofre- “O que há com o seu Presidente, que inventa uma tolice de ataque bacteriológico da China por traz da criação da pandemia? Isso já seria gravíssimo e sem pé nem cabeça, mesmo que vocês não tivessem, como agora, dependência completa dela por conta do insumo das vacinas, ao que sei vital para o Brasil não se afundar mais ainda na pandemia”. Logo eu, velho nacionalista que sempre detestei ouvir qualquer estrangeiro abrir o bico para criticar o meu país. Resolvi sair por uma quase paráfrase do absurdo inventado por Bolsonaro: “Olha, isso é uma jogada política, muito infantilizada eu acho, para tirar os holofotes da CPI, além de alimentar uma ala de exóticos seguidores que eles chamam de “ideológica”. Que ninguém sabe bem o que seja, mas que tira da cartola absurdos ou teses ficcionais para lubrificar um capital político, que o eleitorado dele possa considerar como pepitas de ouro da extrema direita que Bolsonaro sonha construir e liderar”.


A conversa parou por aí, quando meu interlocutor retrucou com um quase palavrão e quis iniciar penoso diálogo que cortei pela raiz – “Alto lá, você sabe que eu sou direitista desde criancinha como toda minha família do Texas. Eu considero o que me diz um insulto à direita, uma traição aos líderes direitistas e todos nossos teóricos.”


Desliguei e resolvi nunca mais ficar a pressupor a formação ideológica bolsonarista, muito menos a justificar seus atos aparentemente ausentes de qualquer equilíbrio psiquiátrico. Então me dei conta de que meu querido professor da Faculdade Nacional de Direito Santiago Dantas chegou a nos confidenciar em aula que, no curto período como adepto do integralismo, teria guardado uma frase de Aldous Huxley, cuja síntese ensinava que a direita tem como primeiro dever vencer a esquerda. Com tudo o que pudesse, inclusive extermínio, armando-se uma teia...