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Fala, bicho!


O macaco tá certo! O macaco tá certo! -- fosse qual fosse a besteira que ele fizesse ou falasse.

Até que um dia (no tempo em que os bichos falava também sempre chegava "o dia". Nada a ver com o jornal, que chamava-se, na verdade, "O Dia da Caça"), descobriram que, além de esperto e sabido, o macaco era muito malandro, acumulara uma fortuna ilícita em cachos e mais cachos de banana roubados e desviados para depósitos de banana na Suíça.

Aí caiu em desgraça.

Foram descobrindo uma "macacutaia" atrás da outra, corrupções em série, desvios de cargas de todo tipo de frutas, gastos assombrosos no exterior (especialmente quando ele estava com a macaca de olhinhos esbugalhados).

E foi-se a fama, o poder, a arrogância. Foi tudo parar junto com ele numa jaula. Imediatamente os puxa-saco lhe viraram o rabo. "O Dia da Caça" vendeu várias edições com a notícia. E foi uma onda de chutar macaco morto (no caso, macaco preso)!

Aí descobriram o que até os mais abestados da mata já sabiam: o macaco não armava seus pulos de galho em galho nem as macacutaias sozinho.  Bichões importantes do poder central (dizem que até o Rei Leão) estavam envolvidos com ele nas safadezas.

E quando ao ser preso o macaco ameaçou abrir a matraca e denunciar toda a quadrilha animal, uma lei de artigo primeiro e único foi imediatamente promulgada:

A PARTIR DE HOJE, BICHO NÃO FALA MAIS!