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A festa dos livros


Por dez dias, o livro é festejado no Rio de Janeiro na Bienal que vai até 8 de setembro. A expectativa dos organizadores é vender 5 milhões de livro e, para promover a feira,  não faltam atrações internacionais, entre eles o autor do bestseller A sutil arte de ligar o f*da-se (Intrínseca, R$ 34,90), Mark Manson, e o cientista político Steven Levitsky, que assina, com Daniel Ziblatt, Como as democracias morrem (Zahar, R$ 64,90). Levando até os distantes pavilhões do Riocentro, trens do metrô e ônibus terão livros deixados nos bancos para serem levados pelos passageiros. No entanto, apesar   das constantes ações para incentivar o hábito da leitura, o mercado editorial registra o quinto ano de queda em vendas.


Por mais que se lamente o baixo índice de leitura do brasileiro,  o livro continua sendo associado a conhecimento, não a entretenimento. E a concorrência no campo da diversão é imensa, além de menos onerosa. A vida virtual se impõe ao cotidiano de qualquer um. Uma jovem mãe, a conselho da pediatra da filhinha de dois anos, impede a menina de manusear celulares, tablets e até ver televisão. Diante das telas, a criança não brincava, não se movimentava, nem conversava mais. Resistir a interagir com grupos de amigos pelos Whatsapp é difícil mesmo. Mais difícil é encontrar tempo para encontrar pessoalmente com tanta gente.


Se as atrações na palma da mão são inegáveis, os esforços para manter a sobrevivência da indústria do livro continuam buscando professores como formadores de opinião e de futuros leitores. Vez por outra,  telenovelas tornam os livros assunto e não apenas cenário. No momento, Bom Sucesso, de Paulo Halm e Rosane Svartman,  aborda clássicos da literatura pelas indicações de um dos personagens, o dono de uma editora. O cuidado dos autores é que as situações vividas pela protagonista, uma costureira que aproveita as viagens de trem de casa ao trabalho para ler,  sejam associadas às leituras, discutindo tramas e fazendo citações aos livros. Será que a campanha sutil pode modificar a situação? O tempo dirá.


Culpar o consumidor pela baixa procura do livro não adianta. O mercado floresceu quando a economia se estabilizou e subiu. O desemprego afeta diretamente as compras e livro não é gênero de primeira necessidade para todos. Para quem é, a Bienal não chega a ser um evento imperdível, já que os descontos oferecidos na feira são modestos. Leitor conhece as novidades do mercado e só se desloca até o Riocentro para debates e encontros com escritores que participarão do evento.  Quem quiser se planejar, pode consultar a programação do Café Literário (https://www.bienaldolivro.com.br/espacos/cafe-literario/),  onde haverá debates com autores como Ruth Rocha, Pedro Bandeira, Ana Maria Machado, João Silvério Trevisan, Conceição Evaristo, Luiz Rufatto e Laurentino Gomes.


No mais é correr da criançada que se prepara para encontrar o campeão de vendas de 2018, o youtuber Luccas Neto, que lança Os aventureiros (Pixel, R$ 24,90), seu novo livro de atividades e passatempos – um gênero que fazia sucesso muito antes da popularidade da Internet.