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Giana Viscardi, dentre tantas grandes, uma excelente cantora


Ora, devemos reconhecer em cada uma os seus diferenciais: umas têm na afinação a sua marca; algumas somam um bom repertório a uma bela voz; outras têm suingue. Umas demonstram talento quase teatral; algumas têm a intimidade como forma de interpretar; outras mesclam modernidade e tradição. Umas são do samba urbano; algumas são do samba e do jazz; outras cantam as dores e os amores. Algumas compõem; outras tocam instrumentos de harmonia, algumas se cercam de mestres instrumentistas... Mas poucas aliam estes e todos os muitos outros predicados responsáveis por sua ainda maior grandeza como cantora. As que comprovam reunir tais requisitos, e a eles acrescentam o molho de sua personalidade musical e pessoal, a essas podemos chamar de excelentes dentre as excelentes.Giana Viscardi está em seu segundo CD independente: 4 3 2 1, e um terceiro está por vir. Ela demonstra que seu talento a coloca num patamar elevado pela fartura e pela classe de seus atributos. Giana é ótima compositora (no CD, duas músicas são só dela); o repertório gravado resulta numa mostra do que existe de concepção musical moderna na atualidade; sua voz, além de belíssima, é afinadíssima, e não há intervalo, por mais difícil que seja, que coloque em risco a sua interpretação; e a escolha dos ótimos músicos que tocam no álbum, bem como as participações de outras cantoras (Mariana Aydar, Céu e Ana Paula da Silva), revelam seu talento para bem cuidar de todas as etapas musicais que compõem a realização de seus álbuns.  Ao cantar o baião “Vem Morena”, clássico de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, num arranjo jazzístico em que o violino é tocado por Ricardo Herz à moda dos rabequeiros nordestinos, Giana demonstra que ecletismo pode ser sinônimo de perfeição, busca e requinte irrestritos. E, ao se unir a Chico César para compor “Deslumbrada Lua”, ela dá voz a um dos muitos artistas que a admiram e a ela fazem questão de se juntar. Mas é com o violonista, guitarrista, compositor, arranjador, produtor e diretor musical de 4 3 2 1, o austríaco Michael Ruzitschka, seu parceiro na música, que Giana Viscardi se faz cantora e compositora diferenciada. São deles oito das 14 faixas do CD (incluindo dois remixes). Sambas ligeiros, feito “Fera Bela”, “Me Leva” e “4 3 2 1”, pop como “Metade” ou baladas como “Toda Tua”, nas quais os músicos se esbaldam de tão bem tocar, levam a cantora ao limite culminante e positivo de sua interpretação. São momentos assim, feitos de limites superados, que costumam consagrar cantoras que se tornaram exemplares na história musical brasileira. Esta é Giana Viscardi.Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4