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GRANDE OTELLO: UMA SAUDADE!


Grande Otello e Herivelto Martins, à véspera da viagem de Grande Otello a um festival de cinema na Europa, almoçaram comigo na Urca. E em frente, fica o Cassino da Urca.


Antes do almoço, comentei com Otello e Herivelto: “olha, aqui em baixo, está toda a mais provocante memória da música popular brasileira. Pra toda a gente que vê o Cassino cá de cima é um cenário assombrado, todas as almas dos grandes estão aqui, neste palco, cujas ruínas vocês estão vendo. Ali todos se exibiram dando o melhor, Linda Batista, Carlos Ramirez, Carmem Miranda, Grande Otello...”.


Othelo resmungou: “Epa! Eu não tô nessa, to muito vivo, graças a Deus. E vou ficar cada vez mais vivo. Deixa que eles fiquem mortos, eu não”.


Embarcou pra Paris dois dias depois, como convidado de um Festival de Cinema. No aeroporto de Paris, ao saltar do avião, teve um infarto cardíaco, instantâneo e morreu. Morreu no próprio aeroporto. Eu fiquei a recordar comigo, muito chocado, aquilo que ele havia dito. Uma premonição às avessas?


Ricardo Cravo Albin.