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Ivor Lancellotti é o cara!


Melodista de primeira linha, Ivor Lancellotti é a comprovação de que a música brasileira é uma mina de inesgotável riqueza. Alguns de seus belos sambas são bastante conhecidos, já que foram gravados por Clara Nunes, Elizeth Cardoso, Beth Carvalho, João Nogueira, Nana Caymmi, Cauby Peixoto, Alcione e Angela Maria, dentre outros. Mas dificilmente se consegue juntar tais músicas ao seu autor. É uma sina que dói sabê-la, que se lamenta, já que ela impede que outros, assim como Ivor, possam ter suas produções ajuntadas a seus nomes. E assim prossegue a saga de alguns grandes fazedores de música: criar belezas às quais o público, que costuma sabê-las de cor, não consegue ligar os títulos a quem as compôs. E, assim, as músicas ficam como órfãs ou, pelo menos, sem paternidade conhecida. Mas nada disso importa (ou melhor, importa e muito, mas é melhor que não nos deixemos consumir por uma lamentação quase sempre inócua). O que de fato importa, porém, é que Ivor está aí, cada vez melhor, pronto para ser ouvido pelos que tomarem conhecimento desse seu novo lançamento.O disco é uma clara demonstração do comprometimento musical dedicado pelos ótimos instrumentistas – Marcelo Menezes (violão), Pedro Miranda, Mestre Trambique, Domenico Lancellotti, Cris Mourão e Stéphane San Juan (ritmo), Marcello Menezes e Bernardo Dantas (violão de sete cordas), João Callado (cavaquinho), Rui Alvim (clarinete), Alexandre Bittencourt (flauta), Guilherme Maravilha e Marcelo Caldi (acordeom), Alberto Continentino (baixo) – a um seu companheiro músico compositor.Pedro Miranda, Soraya Ravenle, Áurea Martins, Moyseis Marques, Alvinho Lancellotti, Domenico Lancellotti, Mariana Bernardes e Teresa Cristina dividiram algumas faixas com Ivor, o que, pelo fato de ele não ser propriamente um grande cantor, acresceu ainda mais qualidade aos sambas, engrandecendo-os. Em boas e mais companhias é uma sagração às harmonias em tom menor, uma ode a belas melodias, uma elegia a versos da mais rica poética. Tudo traduzido por arranjos que sentem a música e a letra, e as refazem nos timbres dos instrumentos e das vozes. O exemplo dessa perfeita integração está na interpretação de Ivor Lancellotti da obra-prima “Mas Que Saudade É Essa!”, sua parceria com Delcio Carvalho. Um momento de emoção à flor da pele, no qual se vê a força e a alma de dois compositores brasileiros. Pouco conhecidos do grande público, é verdade, mas dois dos maiores. E salve o compositor popular!Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4