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Juliele é mais uma boa cantora que chega abençoada pela Amazônia


voz alçar vôo. E voar, voar, até que o sol se ponha e a lua avance por sobre as copas mais altas da floresta. Por este bom primeiro CD, abre-se o destino da cantora que tem muito a evoluir, que tem muito a conquistar, mas que demonstra ter nítida em sua alma a importância do cantar, marcado a ferro em sua personalidade.Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4, é produtor e apresentador do programa O Gogó de Aquiles, apresentado na Rádio Roquete Pinto FM do Rio de Janeiro às segundas-feiras, das 15h às 16h: www.fm94.rj.gov.brJuliele cercou-se de pessoas que a amam e nela confiam. E sabia que não podia decepcionar. Buscou forças de dentro de sua alma amazônica. Respirou fundo e foi aos encantos. Juliele soube escolher quem melhor compreende seu sonho de lançar-se cantora para os povos que não somente os da sua Amazônia. Os músicos de lá e daqui do Sudeste entenderam o que Juliele precisava para seu canto se expandir. Deram-se as mãos e criaram beleza traduzida em CD independente, que traz estampado na capa apenas um prenome: Juliele. Mais não precisava, seria redundância. Juliele é puramente isso – simplicidade no cantar, profundidade no olhar, naturalidade de fazer a música vibrar com olhares que vêm amazônicos e se deixam transmutar em algo palpável, quase minimalista, que tange o cantar límpido de Zizi Possi.Uma base poderosa de músicos, que conta com Edgar Matos (piano), Adelbert Carneiro (contrabaixo acústico), David Amorim (guitarra) e Edvaldo Cavalcante (bateria), empresta a Juliele seu talento. Talento muito bem aproveitado por arranjadores de extremo bom-gosto e competência, feito os próprios Adelbert Carneiro e Edgar Matos, criadores da grande maioria dos arranjos, Nilson Chaves, Celso Viáfora e os integrantes do excelente trio de percussão Manari, Kleber Benigno, Nazaco e Marcio Jardim.Cada uma dessas pessoas se entregou ao desejo de permitir a Juliele demonstrar que é uma cantora que pede passagem e saúda o povo de sua terra, pronta para abranger também ouvidos de novas gentes de outras boas terras. Juliele tem doçura na voz. Seu repertório a reforça, e seu fraseado demonstra o quanto ainda poderá crescer seu jeito de interpretar canções que vão do ritmo característico do norte do país ao samba; do pop ao lamento do cantar em meio aos castanhais.Tudo no CD, desde a belíssima concepção do projeto gráfico, a cargo do talento de Elifas Andreato, passando pela masterização e até a mixagem, muito bem feitas, é extremamente caprichado. A cada faixa, sua levada. A cada palavra, seu dito. E a cada acorde sua missão se revela. Juliele se põe a cantar “Pérola Azulada”, de Zé Miguel e Joãozinho Gomes – ele que é um excelente letrista, presente em outras duas músicas do álbum. O piano e a guitarra são destaque.Bárbara Rodrix compôs “Com a Razão”, parceria com Léo Nogueira. Bela melodia criou a filha de Zé Rodrix, grata surpresa como compositora. “Bem Demais” é composição de Ivan Lins e Celso Viáfora. Destaque para as participações do piano e do flugelhorn tocado por Cláudio Faria. Viáfora, que com Nilson Chaves produziu o trabalho de Juliele, chega brejeiro no samba “No Sonho eu Sou”, feito com Vicente Barreto. Ao interpretá-lo com leveza, Juliele dá mostras de versatilidade.Até que chega a faixa final do CD, “Canto dos Castanhais” (Val Milhomem e Joãozinho Gomes). Com arranjo brilhante do Trio Manari, só com percussões e uma flauta indígena, o som amazônico brilha na voz de sua representante. Plena de mistérios, a Amazônia abre passagem para mais uma de suas filhas fulgurarem. E ela vem toda faceira, abençoada que está. Andar, andar, e cantar e cantar até sua