Loading...

Lista de Natal 2 – Em fuga para o espaço sideral


Há cerca de quatro décadas, Hollywood foi salva do colapso industrial por um grupo de cineastas próximos, que buscaram aproximar a linguagem do cinema à do mundo real, diante da concorrência absolutamente injusta com a televisão. Dentre eles, George Lucas, um apaixonado por antigos seriados exibidos antes das sessões de cinema nos anos 30/40, principalmente, quis criar uma história sobre o heroísmo no espaço sideral. Aproveitou para inventar uma linha de produtos a serem lançados junto com o filme, investiu em efeitos especiais e Guerra nas Estrelas transformou-se num fenômeno comercial sem precedentes. Às vésperas do lançamento mundial do oitavo produto cinematográfico da série chegam dois livros ao Brasil para a alegria dos seguidores de Jedis: As memórias da Princesa (Record, R$ 37,90), em que a atriz Carrie Fischer conta seu caso amoroso com Harrison Ford, quando gravaram o primeiro filme, e O mundo segundo Star Wars (Record, R$ 39,90), do economista Cass R. Sustein, ex-assessor de Barack Obama, e apaixonado pela saga. Enquanto o romance de Leia e Han Solo é mais empolgante nos filmes do que o de seus intérpretes (Carrie encontrou seus diários da época, quando tinha 19 anos e se apaixonou pelo colega casado, de 35, no que teria, segundo ela,  sido a única escapada extraconjugal daquele que viria a se tornar um dos mais bem-sucedidos astros da década seguinte), a reunião de interessantes informações sobre a concepção e execução da obra se torna quase um almanaque simpático, que agrada até quem não tem a menor ideia (existe?) a respeito de Luke Skywalker, storm troopers, Yoda ou Darth Vader.

Um dos mais aclamados escritores de ficção científica da atualidade, Ted Chiang coleciona prêmios literários do gênero – já ganhou o Nebula, o Hugo, o Locus, o Sidewise, entre outros – com uma obra restrita a quinze publicações, juntando contos diversos e novelas. História de sua vida e outros contos  (Intrínseca, R$ 49,90) reúne textos publicados em diversos volumes. História de sua vida, que lhe deu o Nebula em 2000, e o Sturgeon de 1999, foi adaptado para o filme A Chegada, protagonizado por uma linguista convocada a se comunicar com alienígenas que visitam a Terra. Não falta a Chiang o lirismo do mestre Ray Bradbury, que sempre buscou no assustador futuro imaginário a dose de humanismo que pode garantir a existência de homens e mulheres neste planeta.

O mundo imaginário em que animais e um garoto selvagem convivem, batalhas entre o bem e o mal, a natureza que se impõe à ignorância e selvageria dos homens toma vida em Os livros da Selva – Contos de Mowgli e outras histórias (Zahar, R$ 64,90), que o anglo-indiano Rudyard Kipling lançou no fim do século XIX. Oito dos quinze contos trazem  Mowgli e seus conhecidos companheiros de aventuras em mais uma das caprichadíssimas edições comentadas da Coleção Clássicos Zahar, com ilustrações originais do pai do escritor, John Lockwood Kipling, artista e conhecedor das lendas indianas, além de uma das principais influências no trabalho do filho. A lamentar apenas é a ausência – por força da temática, clara - do conto O homem que queria ser rei, uma belíssima história sobre mitos e amizade.