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O 2º ou 1º lar


No meu bar ninguém manda ninguém fazer “um quatro”, pois pode ser recebido com oito pedras. E teste de bafômetro só no cangote da morena. Não se usa da empáfia, ninguém diz “dessa água não beberei”, porque sabe que a qualquer momento pode precisar engolir um engov. Bar é para ser feliz. Tá pra baixo, vai pra análise. Tá pra cima, baixa a bola. O dono do meu bar não gosta de freqüentador que já chega animado demais. Ele diz que ali é lugar para se sair de porre; jamais para se chegar. Concordo. Desce mais uma.O meu bar não é ponto de bebedores de fim-de-semana, esses que tomam um pilequinho no sábado e passam a semana inteira vomitando vantagens. Não se vê em nossas mesas malandro se orgulhando da quantidade que bebe nem das misturas que é capaz de fazer. Sabemos: o traçado mais difícil de engolir é custo-de-vida com salário mínimo, mas muita gente boa neste país ainda o pratica. Temos o cuidado, em nosso (viram? Já estou abrindo as ações ao mercado) bar de ficar atentos àqueles que entornam meia dúzia de cerveja e começam a chamar todo mundo nas mesas de “meu irmão”. Não dê papo, mesmo que seja o seu próprio irmão. O meu bar, modéstia à parte, não é meu. Tem um dono chamado Alfredo, várias mulheres lindas que não se chamam Teresa, e ali já comemorei inúmeros títulos do Flamengo. Chama-se Bip-Bip. Fica no coração de Copacabana. E no meu.