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O bispo e o reino da terra


Com esta belíssima caricatura do Amorim estampada no peito, o Bip Bip – buteco de Copacabana que tem por hábito sagrado e vício profano homenagear quem vale a pena ser homenageado (na galeria de bambas já constam Dorival Caymmi, Guilherme de Brito, Garrincha e outros mais) – acaba de imprimir uma camiseta dessas que nos enche de orgulho ao vestir: uma ode ao bispo católico contra o qual jamais se registrou uma queixa, o saudoso Dom Hélder Câmara. O religioso irmão de todos, que neste 2009 estaria fazendo 100 anos, nasceu em Fortaleza, em 1909, e partiu deste mundo há exatos 10 anos. Arcebispo no altar e lenda viva nas ruas, ele se destacou pela luta incansável na defesa dos pobres e dos perseguidos, e por ela conquistou inimigos poderosos (dentro da igreja, inclusive).    

O homem que foi indicado ao Nobel da Paz na década de 1970, por inúmeras instituições sociais, culturais, políticas e religiosas do mundo inteiro, mudou-se para o Rio nos anos 40 e aqui deixou obras que até hoje marcam a história e a geografia da cidade, como a Cruzada São Sebastião –  com a finalidade de dar moradia decente a um grupo de favelados – E  o Banco da Providência (mantenedor da Feira), cuja atuação se desenvolve no atendimento a pessoas que vivem em condições miseráveis. O bispo dos pobres trabalhou enquanto teve forças e saúde por um Brasil melhor, uma humanidade íntegra, relações sociais justas e pela distribuição equânime de direitos, deveres, terra, comida e alegria. Jamais prometeu o reino dos céus, mas brigou muito por um reino melhor para todos na terra. O acervo histórico de Dom Hélder é mantido pelo Instituto Dom Hélder Câmara, em Recife; sua delicadeza e seu sorriso moram no coração de cada brasileiro.