Loading...

O bordado de Rodrigo Maranhão


CD que tem o nome Bordado na capa. O primeiro disco solo de Rodrigo é feito de sons que lhe desenham as formas da alma com traços firmes. Feito artesão, Rodrigo borda em fios finos a sua música, tece canções e as arremata com palavras. Feito alfaiate, faz de contrapontos sonoros os pespontos que seguram o molde da música que veste. Rodrigo costurou sua colcha feita de retalhos que retratam todas as formas de música nascida nos cantos de sua terra. Ele, que tem ginga para captá-la e lhe dar acabamento, mostra-se capaz de criá-la a seu molde e feitio. Únicos.Bordado, lançamento da MP,B, em parceria com a Universal Music, é o cartão de visitas do compositor. Quer conhecer Rodrigo Maranhão? É só botar Bordado para tocar. Lá está o cara por inteiro, antenado com o mundo ao seu redor. Mundo que está no Baixo Leblon; mas pode também estar no Baixo Gávea ou na Lapa de Noel. Mundo que pode refletir o som que ele ajudou a criar para o Bangalafumenga, grupo do qual é fundador.Rodrigo Maranhão nos chega como a chama que alumia o escuro em que antes só o nada se via. Conhecido nas arquibancadas do Maracanã, vestindo o manto rubro-negro bordado com as estrelas conquistadas em brasileirões passados, distantes; reconhecido como autor de um grande sucesso na voz de Maria Rita que dele gravou "Caminho das Águas", tema de novela da Globo, Rodrigo Maranhão, entretanto, é ainda um altivo desconhecido da grande torcida que ama a música brasileira. O CD de Rodrigo é minimalista. Eficientes são os arranjos; simples é a poesia; breves são as melodias; longas são as aflições que voam do "Interior" (única música do disco em que ele tem um parceiro, Beto Valente) às "Noites do Irã", manifesto inquieto de quem olha as estrelas passeando pela rua onde mora e enxerga o outro lado do globo terrestre, lá onde o sol se põe. Inteirado das dores do mundo, que podem vir da bala que encontrou a moça na esquina ou da guerra que despedaçou os povos na África, ele pergunta na bela "Noites do Irã": "Luanda, quem ouve seus ais?", e retrata em "Interior": "É a dor da enxada, é a flor do limão/ O espinho do mato machucando o gibão". "Milonga" tem sua voz e seu violão somados ao acordeom de Marcelo Caldi. A letra tem a cara de Rodrigo: "Nem toda morte é dor/ Nem toda ilusão distante." E a roda se abre para que ele cante "Bordado", samba à la Jakson do Pandeiro, primeira faixa do CD. "O Osso" é xote dos bons. "Recado" não precisa de acompanhamento instrumental; a voz seca, mas delicada, ginga ao ritmo sem ganzá, mas quente que só, oxente! Rodrigo Maranhão tem personalidade de cantor que sabe o que quer e demonstra estar pronto para alçar vôos maiores dentro do universo musical brasileiro. E tem uma turma da pesada ao seu redor: desde o violão de 10 cordas de Marcello Gonçalves, da percussão de Sidon Silva, Elizah, Dudu Fontes, André Moreno e Ely Werneck, do baixo de Paulo Brandão (ele que também produziu o CD junto com Rodrigo), até o acordeom de Marcelo Caldi, todos têm um toque certo na confecção de Bordado.Rodrigo é Maranhão, mas é também Ceará, Rio de Janeiro, Amazonas, Rio Grande do Sul, Minas Gerais... Compositor que canta e borda as diversas e variadas sonoridades brasileiras.Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4 e autor de O Gogó de Aquiles, ed. A Girafa. Seus textos são publicados semanalmente no Acontece na  no Diário do Comércio (ACSP), Meio Norte (Teresina), A Gazeta (Cuiabá), Jornal da Cidade (Poços de Caldas) e Brazilian Voice (EUA). No rádio, sempre às segundas-feiras, das 15h às 16h, "O Gogo de Aquiles" vai muito bem, obrigado. Você poderá escutá-lo (no Rio de Janeiro) sintonizando diretamente na Rádio Roquete Pinto, ou (fora do Rio) na internet: www.fm94.rj.gov.br .