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O centenário de Luiz Gonzaga


Seu Lua é o resumo íntegro da generosidade de uma gente valente, a brava gente brasileira.Seu Luiz é xote, canção junina, aboio, toada, xaxado, maxixe e baião. Ele é simplesmente forró. Ele é lato, é único, por isso foi o mais popular dos nossos artistas. “Asa Branca”, “O Xote das Meninas”, “Paraíba”, “Juazeiro”, “Acauã”, “Assum Preto”, “Légua Tirana” e “No Meu Pé de Serra” são algumas das músicas que, há tempos, fazem a cabeça de gerações inteiras. Não há quem não conheça Luiz Gonzaga. Sanfoneiro do povo, tradutor de sentimentos, voz do Brasil, assim o vejo, mestre Lua. Pacificador das famílias Saraiva e Alencar que, depois de anos digladiando-se em Exu, ao som da sua sanfona tocada em praça pública celebraram o fim da guerra pelo poder, assim o vejo, Seu Lula. Parceiro de Zé Dantas, Humberto Teixeira, Hervê Cordovil, Assis Valente e Guio de Moraes, assim o escuto, Seu Lui. Pai de Gonzaguinha, filho de seu Januário, sertanejo vestido como Lampião, assim o reverencio, Luiz Gonzaga. Ouvindo suas músicas, é assim que não esqueço quem cantou o sertão para os “sulistas”; nem quem cantou a saudade do “Luar do Sertão”, do Catulo da Paixão Cearense; nem tampouco me esqueço de quem, baseado num poema de Nelson Barbalho, cantou a morte de um vaqueiro de quem nunca mais ouviremos falar. Agora o forró tem o som lamentoso da saudade que sentimos. Agora as sanfonas resfolegarão pela falta que faz a sua voz forte. Hoje, ao ouvir suas músicas, lembrar-nos-emos de sua importância. Hoje, revendo a sua história, sentiremos que Seu Lua está com a gente, cantando e tocando. Relembrando sua trajetória, agora reencontraremos o caminho da brasilidade, infelizmente meio fora de moda nesse novo tempo. Haveremos de achar, por nós e por você, a alegria que teima em faltar, vez por outra, quando mais necessitamos dela. E nela buscaremos a força para construir um país e a disposição para fazer uma música que seja digna de você, mestre Lua.Neste ano de 2012, no qual se comemora o centenário do nascimento de Luiz Gonzaga, falar dele é como reler um velho e maravilhoso livro, cuja história nunca nos saiu da cabeça.     Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4