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Odes a gosto


Como se não bastasse, agosto ainda é um mês extremamente musical. Vejo na Agenda Música Brasileira que neste mês nasceram, entre tantos outros ídolos, Ney Matogrosso, Orlando Dias, Naná Vasconcelos, Batatinha (“Todo mundo vai ao circo, menos eu / Como pagar ingresso, se não tenho nada? / Fico de fora escutando as gargalhadas...”), Baden Powel, Caetano Veloso, Gordurinha, Fafá de Belém, Ana de Hollanda, Clara Nunes, Monarco, João Donato, Paulinho Tapajós, Dori Caymmi, Edu Lobo e Emilinha Borba.
     Sei, também, que num mês de agosto morreu meu ídolo maior, Luiz Gonzaga. O que prova, simplesmente, que se trata mesmo de um mês como outro qualquer.


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     E tem mais: foi em agosto que nasceu meu filho. O que o redime de qualquer maldição do calendário.


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     Finalizo as odes pensando que agosto pode ser o nome de um lugar tão bom, mas tão bom, que faz a gente pensar apenas em coisas boas: filho no colo, mijando quentinho em suas pernas; avó gritando “Pra dentro, menino, senão vai constipar”; irmãos brigando pelo último pedaço de pão; a colega que nunca lhe deu bola sorrindo com os olhos, no último dia de aula: “Vou sentir saudades de você”; médico – mãos com cheiro de álcool em seus cabelos – dizendo “Não chore, menino, sua mãe vai ficar curada”.


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     Então desculpem janeiros, fevereiros, marços, abris, maios, junhos, julhos, setembros, outubros, novembros e dezembros, mas há um calorzinho especial no frio de agosto.  
     Agostos, sim. Tudo o que não é desgosto.