Loading...

Outros carnavais


Num fevereiro de outros tempos, o então prefeito resolveu conceder um indulto momesco, liberando um time de assaltantes, traficantes, matadores, arruaceiros e ladrões de todos os tipos para brincar o Carnaval livremente – claro que com o compromisso de retornarem às suas celas na quarta-feira de cinzas. Depois de ganhar as ruas na sexta-feira, consta que a turba foi imediatamente para a zona do baixo meretrício, onde juntou-se ao mulherio na formação de um bloco carnavalesco que fez história.

Divertiram-se e ensaiaram duro duas noites e um dia, e no domingo se espalharam pela cidade, batucando em latas de banha e de leite em pó, com um samba-enredo que, cantado em dois tempos, ficou na memória dos grandes registros musicais que a folia proporciona. Era assim: primeira parte, só os bandidos: Ô, neguinha, neguinha, o que é que eu sou? Segunda parte, só as piranhas: Ladrão, maconheiro, estuprador! Mas é bonitim, é meu amor... (repete até cansar).

Quem me contou a história fechou assim a narrativa:– Como você pode observar, a letra era curta, mas tinha um grande impacto. Já foi dito que a alma humana é um tremendo mistério. E no Carnaval, radicaliza. 

* * * * *

Copacabana aplaude, anualmente, uma das mais belas e autênticas manifestações do Carnaval carioca: a apresentação, na segunda-feira, do Rancho Flor do Sereno.

Este ano não será diferente, e mais uma vez estarei lá.