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Presente musical afetivo nos vem por Eliane Salek


Nascida no berço dos Salek, teu nome se diz Eliane. Carregas na alma a música, nas mãos a beleza, na voz a criatividade do cantar brasileiro. Eliane Salek, assim se diz todo o teu nome, mulher brasileira. Canto mágico, dedos ágeis, música profunda, que a Deus chega em forma de prece levada pelo vento matinal. Ah, soberana música, tua fantasia amplia o gênio alheio. Ah, dona da bela voz, a suavidade de teu cantar nos encanta. Ah, doce música, teu querido piano também é por nós amado, posto que de suas teclas tiras beleza ímpar.Lua branca, que ao lado das estrelas passeias distraída, entra pelo zinco dos tetos e salpica nosso solo de igualdade. Enquanto tocas, pisaremos distraídos os astros que nos sabem o destino. Talvez sejas medrosa, mulher. O mundo pode te assustar. Mas não temas, tens a música e com ela seguirás sã e salva. És faceira, mulher, bem sei. Tua brejeirice vem da flor tão amorosa que nos lambe olhos e narinas, tal sua beleza e seu aroma.Eliane Salek – Modinhas e Chorinhos Eternos (independente) é o terceiro CD desta mezzo soprano, pianista, flautista, compositora e arranjadora. Carioca, ela teima em manter acesa a chama das modinhas imperiais, cujas harmonias, plenas de vieses eruditos, anteviam o surgimento e o desenvolvimento de gêneros musicais ainda por nascer. O chorinho, a mazurca e a polca são os exemplos mais notórios.Neste álbum, Salek junta os dois estilos e nos delicia. Com voz plena de afinada sonoridade, a emoção transparece amparada em pujante convicção, própria dos que sabem estar gravando belezas que poderiam restar para sempre no baú das recordações.O CD Eliane Salek – Modinhas e Chorinhos Eternos ficou ainda mais rico com a participação especial da soprano Rosane Arenda em “Busco a Campina Serena” (Candido Ignacio da Silva) e do percurssionista Fabiano Salek, que toca pandeiro em seis das 15 faixas (todas com arranjos de Eliane); destas, cinco são só instrumentais. Um dos melhores momentos do álbum é quando Eliane interpreta ao piano a sua “Fantasia sobre Tema de Anacleto de Medeiros”. Quanta delicadeza. Outro é quando ela canta “Lua Branca” ((Chiquinha Gonzaga) – piano e voz desmistificam a história de que erudito é erudito, popular é popular, sem espaço para se complementarem.     Eliane Salek, mulher criada na música, nós, boêmios de tristes madrugadas, super-homens fadigados, poetas delirantes, diante de tua voz de cristal, todos nos curvamos. Diante de teu piano nos calamos e nele depositamos nossos sonhos vãos, esperançosos de que consigamos um dia, de fato, vermos realizadas nossas melhores expectativas.Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4