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Qual mulher você quer ler?


E teve, claro, aquelas introdutoras das leituras infantis, Condessa de Segúr, Eleanor H. Potter, Odette de Barros Mott, autoras dedicadas a criar um universo maniqueísta preparatório para uma vida real em que moças “dieitas” mantinham-se virgens até a entrega a inebriantes paixões – algo tratado de forma mais realista pelas mocinhas de Jane Austen, românticas, apaixonadas, mas bastante conscientes de suas funções reprodutoras de novos rebentos aristocratas. Depois, chegavam as leituras “adultas”: as coquetes de Colette, as angustiadas de Durar, as eróticas de Nin, as atarefadas cumpridoras de promotodas de eventos de Wolf. E, claro, a angústia de Clarice, os deveres de reprodução de oligarquias rurais de Queirós. As policiais, não, essas eram personagens quase coadjuvantes em investigações comanadadas por homens, mesmo na mais bem sucedida rainha do criem, Agatha Christie, que criou mulheres interessantíssimas, deixando o protagonisto geralmente aos homnes.

Shakespeare, talvez pela atmosfera elizabethana, cuidou de destacar mulheres engraçadas, como Beatriz, de Como quiseres, ou a psicopata Lady MacBeth, que só vi alucinação semelhante em Cruela De Ville ou na peste marques de Merteuil. Por que, então, a gente se lembra sempre dessas moças más? Por que as mocinhas passam ao largo nas histórias e as vilãs se entranham na memória?

Porque, talvez, essas malvadas mostrem um protagonismo, uma atitude, que as boazinhas deixam acontecer. Elas ganham os mocinhos, mas são tão sem sal, tão sem merecimento fora o sofrimento intenso.

E antes de precisarmos de pensar em protagonistas reiais ou  ficcionais que tenham um espírito mais pra Bruhilde do que pra Guinevere, vale sempre a pena lermos Sejamos sempe feministas (Companhia das Letras R$ 15), da Chimamanda Ngozi Aguice. O que jamais impedirá qualquer uma de sonhar com mocinhos doces, que podem ser iguaizinhos àqueles rapazinhos parecidos com o Hugh Grant de Quatro Casamentos e um Funeral. Quem sabe a gente dê essa sorte, né?