Loading...

Seleção literária


Argentina – As viúvas das quintas-feiras (Alfaguara, R$ 49,90), de Claudia Piñeiro, poderia ter seu cenário deslocado para qualquer metrópole em que os endinheirados se isolam dentro de condomínios luxuosos, onde os únicos pobres admitidos são os empregados. Apesar da aparente segurança do bairro de classe média alta de Buenos Aires, delitos acontecem dentro da própria área protegida, onde um grupo de amigos se encontra todas as quintas-feiras para jogar pôquer. Narrada por várias das mulheres, as “viúvas”, a trama traz, além dos dramas pessoais, a história política e econômica recente do país.

Austrália – Pequenas grandes mentiras (Intrínseca, R$  49,90), de Liane Moriarty, virou best-seller internacional, foi adaptado como série para a televisão,  e parte de um crime para tratar, em flashback, do grupo de famílias de classe média que fazem amizade por terem filhos matriculados na mesma escola. Vaidades e consumismo se misturam a temas da contemporaneidade, como o bullying e a formação das famílias estendidas pela convivência de ex-casais com enteados e os novos cônjuges, trazendo à tona pequenas implicâncias e desavenças camufladas sob relações diplomáticas que, no entanto, não apagam mágoas do passado.

Colômbia – Crônica de uma morte anunciada (Record, R$  47,90), de Gabriel Garcia Marquez, Prêmio Nobel de Literatura de 1982, informa em sua primeira frase o assassinato do protagonista: “No dia em que o matariam, Santiago Nasar levantou-se às 5h30 da manhã”. A reconstituição do último dia de vida de Santiago e as causas de sua morte são apresentadas de maneira quase jornalística e com descrições que parecem compor um roteiro cinematográfico – dando ao leitor até o ângulo perfeito de observação de cada cena.

Uruguai – Futebol ao sol e à sombra (LP&M, R$  21,90), de Eduardo Galeano, foi lançado em 1995, reunindo textos sobre o dito esporte bretão – as origens, a organização na Inglaterra, a chegada às Américas, a brava seleção uruguaia, a Celeste, todas as equipes brasileiras, jogadores e ídolos, como Pelé, Roberto Baggio, Romário, Didi, Maradona, Obdúlio Varella, Di Stéfano, Domingos da Guia, Zidane. A cada nova tiragem, Galeano incluía novas análises sobre o jogo e os craques que surgiam. Em época de Copa do Mundo, o escritor se recolhia em casa para assistir a todos os jogos. Talvez o escritor tenha sido quem melhor explicou o fervor que o futebol provoca, particularmente na América Latina, onde, segundo Galeano, “poucas coisas ocorrem que não tenham alguma relação, direta ou indireta, com o futebol. Festa compartilhada ou compartilhado naufrágio, o futebol ocupa um lugar importante na realidade latino-americana, às vezes o lugar mais importante, ainda que o ignorem os ideólogos que amam a humanidade e desprezam as pessoas”.