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Sivuca, profundamente nosso


Instrumentista, arranjador, compositor e produtor, este paraibano de Itabaiana juntou 12 grupos de músicos seus conterrâneos e com eles traçou um mosaico precioso da música de sua terra, de seu país. Abrindo sua alma musical, deixou dela escapulir sons que armazenou ao longo da vida.No concerto gravado e lançado em DVD pela gravadora Kuarup, dividem o palco com Sivuca o Quinteto da Paraíba (dois violinos, viola, violoncelo e contrabaixo); o Quinteto Uirapuru (com a mesma formação); a Camerata Brasílica (seis violinos, duas violas, dois violoncelos e contrabaixo); o Quinteto Latinoamericano de Sopros (flauta, trompa, clarinata, oboé e fagote); o JP-Sax (saxes soprano, alto, tenor e barítono, baixo elétrico, bateria e percussão); o Brazilian Trombone Ensemble (cinco trombones tenor, teclado, baixo elétrico, bateria e percussão); o Sexteto Brassil (dois trompetes, trompa, trombone, tuba, bateria e percussão); Valtinho da sanfona, o contrabaixista Poty Lucena e o baterista Vilberto Soares; a Banda Amigos do Sivuca (sax, piano, contrabaixo e bateria); o Clã Brasil (acordeom, flauta, cavaquinho, zabumba, violão, pandeiro, triângulo e contrabaixo), e a Metalúrgica Filipéia (orquestra de sopros, naipe de percussão, teclado, guitarra, contrabaixo e bateria).  Produzido por Glória Gadelha, parceira de música e de vida de Sivuca, o DVD O Poeta do Som apresenta 12 faixas e mais quatro bônus. São quatro parcerias de Sivuca e Glória; quatro só de Glória; uma de Sivuca e Paulo César Pinheiro; um só de Thaíse Gadelha; uma de Glória e Marilena Sonoghet, e uma só de Luperce Miranda.  Um grande momento é quando Sivuca, acompanhado pelo grupo Clã Brasil, toca "Visitando Zabelê", dele e Glória Gadelha. As mocinhas que o integram têm tal alegria, demonstram tal felicidade de ali estar que é difícil conter a emoção. E, afinal, não há por que contê-la.E o palco virou uma jam session. Os dedos ágeis de Sivuca comandam a festa. A sanfona é o centro. As diferentes formações dos conjuntos escolhidos para acompanhá-lo - tocando arranjos que foram concebidos por ele - ressaltam a variedade rítmica e harmônica da música, que pode ser entendida como regional nordestina ou como jazz. Tanto faz. Tudo ali é som do mundo todo.  Apesar disso, a qualidade do som se torna inexplicavelmente ruim, ao não corrigir o defeito do microfone (sim, porque só pode ser um problema com o equipamento) utilizado por Glória Gadelha nas faixas bônus, quando ela se apresenta cantando "A Vida É Uma Festa" (dela e de Moraes Moreira) e, logo a seguir, acompanhada do trio vocal feminino Nossa Voz, quando canta o sucesso de Sivuca e Chico Buarque, "João e Maria". Há também alguns cochilos de mixagem - previsíveis, dada a variedade e quantidade de instrumentos a equalizar. Contudo, o som vibra. Afinal, foi pela música, e principalmente pela música de Sivuca, que todos se ajuntaram. O clima de reverência é contagiante. Impossível não se deixar levar. E o público aplaude. Afinal, poeta musical, o mestre mostra-lhe o caminho do som; indica-lhe a poesia da música brasileira da Paraíba. Terra tão boa, tão musical, que é capaz de nos dar Sivuca e fazer-nos eternos devedores de seu talento.O DVD O Poeta do Som abre magicamente apenas com ele e sua sanfona tocando "Quando Me Lembro" (Luperce Miranda). Assim abre, mas bem que poderia encerrá-lo, já que o som da sanfona, emanado das mãos do gênio, funcionaria como síntese de toda a música que o antecedeu.PS. Marinês, sua gente sentirá sua falta. Saudades!Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4 e autor de O Gogó de Aquiles, ed. A Girafa. Seus textos são publicados semanalmente no Acontece na  no Diário do Comércio (ACSP), Meio Norte (Teresina), A Gazeta (Cuiabá), Jornal da Cidade (Poços de Caldas) e Brazilian Voice (EUA). No rádio, sempre às segundas-feiras, das 15h às 16h, "O Gogo de Aquiles" vai muito bem, obrigado. Você poderá escutá-lo (no Rio de Janeiro) sintonizando diretamente na Rádio Roquete Pinto, ou (fora do Rio) na internet: www.fm94.rj.gov.br .