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Sobre sexo, drogas e rock’n’roll


Solteirona – O direito de escolher a própria vida (Intrínseca, R$ 49,90) é um dos bons exemplos desse gênero. Ao completar 40 anos, a jornalista Kate Bolick faz um inventário da própria existência, mostrando a importância em sua formação de cinco mulheres que não fizeram do casamento convencional a razão de suas vidas – a poeta Edna St Vincent Millay, as escritoras Edith Wharton, Maeve Brennan e Charlotte Perkins Gilman, e a colunista Neith Boyce.  Ser solteira no Terceiro Milênio é tão desafiador quanto em outras épocas, conclui Bolick, que fala do vanguardismo de suas cinco inspiradoras, mesclando com dados sobre a situação feminina na sociedade contemporânea ocidental, lembrando que, apesar da independência financeira, as mulheres ainda sofrem a cobrança da maternidade e são condicionadas desde a infância a conquistar um “príncipe encantado”.

Com menos reflexões sua própria vida, Olivia Laing, que, tendo crescido “numa casa dominada pelo álcool”, se lançou nas estradas percorridas por F. Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway, Tenessee Williams, John Cheever,  John Berryman e Raymond Carver, colhendo material e experiências para Viagem ao redor da garrafa – Um ensaio sobre escritores e a bebida (Rocco, R$ 44,90).  Enquanto indaga o que levou esses seis reverenciados artífices da palavra a se deixarem dominar pelo alcoolismo, ela discute a produção literária de cada um, numa pesquisa profundamente sensível, que apresenta os menos atraentes aspectos da convivência com dependentes químicos.

O álcool é apenas uma das variadas drogas mencionadas em Bowie (Best Seller, R$ 49), cuja autora, a jornalista inglesa Wendy Leigh, foi encontrada morta, em Londres, aparentemente em consequência de uma queda da varanda de seu apartamento. Com seu instant book destinado a leitores de revistas de fofocas, Leigh preferiu detalhar a intensa vida sexual de David Bowie do que falar sobre seu inegável talento e todo o milimétrico planejamento de uma carreira pautada pela inovação e requinte.  Por mais que  o Camaleão do Rock tenha sido um ícone da diversidade sexual, seu legado está acima das dúvidas sobre seu relacionamento afetivo com Mick Jagger.  Um dos mais criativos e reconhecidos artistas da segunda metade do século XX até morrer, em janeiro deste ano, Bowie merecia uma biografia tão cuidadosa quanto a trajetória que percorreu. Destaque merecido para a beleza da capa na edição brasileira, do designer Leonardo Iaccarino.