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TEATRO E PRÊMIOS, UMA NECESSIDADE


Nesta terça feira, dia 28/01, em cerimônia formal e refinadamente produzida (pelo criativo Leandro Bellini), foram entregues no Copacabana Palace os prêmios mais importantes para o teatro do Rio.
Creio que todos já conhecem o prêmio Cesgranrio – Teatro, criado pela Instituição de ensino e cultura que lhe dá nome.

Acredito firmemente que o simples fato de ser organizado por um organismo particular de ensino aumenta a autoridade moral e factual dos prêmios.

O Prêmio Cesgranrio – Teatro, já na sétima edição, está a cada ano mais cobiçado. Por tudo. Sublinho até uma originalidade: o esquecido teatro musical brasileiro, nunca premiado anteriormente, é agora contemplado. O que é ótimo. Como também foi ótimo e surpreendente o anúncio das realizações da Fundação do agilíssimo Carlos Alberto Serpa, um idealizador cujos feitos se sucedem em quase vertigens. Todas criativas e provocadoras, inclusive a existência de uma orquestra sinfônica, de prêmios para Dança e Literatura, Escola de Teatro, dois outros teatros em funcionamento, com promessa de construir mais três salas.

Como surpresa final da noite, a atriz e escritora Jalusa Barcelos anunciou o lançamento da biografia completa de Bibi Ferreira, o que abre (possivelmente) as portas para mais um feito, quem sabe uma nova editora? Em se tratando de um trator como Serpa tudo pode acontecer.

Aliás, já que me refiro a prêmios e à Instituição Cesgranrio, faço questão de registrar um outro evento singular. O mesmo Serpa também organizou há semanas uma outra premiação que já perdura por mais de uma década, o Prêmio São Sebastião. Essas honrarias são conferidas pelo Conselho Cultural da Arquidiocese do Rio, que Serpa preside há muitos anos em nome do nosso Cardeal – Arcebispo, Dom Orani Tempesta. Por sinal, um homem também ligado à cultura e aos livros, até por integrar a Academia Carioca de Letras. Mas então – poderão arguir alguns desprevenidos – premiam-se agora padres ou aqueles que estão em exercício de seus deveres habituais? Nada disso, porque o São Sebastião é muito mais amplo que um simples olhar católico de ofício. Ele transcende. E premia a atualidade voltada para a solidariedade e para o espírito cristão de fé no ser humano. São premiados os inúmeros setores que gravitam na área da comunicação, tanto cultural quanto religiosa.

Voltando à celebração do teatro, cabe ainda observar muitas coisas, já que foi uma noite compartilhada pela classe teatral em peso. Com toda a razão, aliás. E por quê? Ao menos por três motivos de essência, que enumero. Não apenas pelas doze categorias premiadas, que gravitam de direção, de ator, de atriz, até a texto nacional inédito e melhor espetáculo do ano (a culminância final dos doze prêmios). Não apenas pela apresentação da cerimônia por dois ícones, Zezé Mota e Lázaro Ramos. Não apenas pelas homenagens especiais à vidas e carreiras de artistas históricos a cada ano. Este 2020 foi dedicado à Eva Wilma e Ruth de Souza. Alguém poderia contestar a fundamentalidade de ambas?

Cabe registrar aqui que esses prêmios para melhores de ano já tiveram época mais ativa, como os Molière e os Shell . A eles me orgulho de agregar dois outros, os Golfinho de Ouro e os Estácio de Sá, conferidos pelo Estado do Rio de Janeiro. Criados pelo nosso Museu da Imagem e do Som em 1967, logo foram patrocinados pela Secretaria de Estado de Cultura. Os dois, desativados há poucos anos, sem explicação. Por nada, nadinha. Ou, ouso arriscar, pela vontade de não fazer nada mesmo.

Sugiro que o Governo do Rio reative os dois únicos troféus que conferiram presença formal do Estado Fluminense junto às artes. Até porque, de memória pulsante na cultura carioca, eles se constituíram em maturada tradição entre 1967 e 2006, justiçando e proclamando mais de uma centena de artistas.
Quantos anos perdidos de consolidação, de homenagens justas e necessárias, de ação em favor ao estímulo a trabalhos qualificados.

Ricardo Cravo Albin