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Um ano novo de releituras


A última namorada na face da Terra, de Simon Rich (Record, R$ 29,90) – Os encontros e desencontros amorosos são o tema dos contos do roteirista norte- americano, Simon Rich. Um observador arguto da contemporaneidade, ele transita por um universo fantástico, bem ao gosto da geração kidult, abordando temas insólitos, como o cotidiano de um preservativo.


Esnobes (Fábrica 231, R$ 49,50), de Julian Fellowes, foi lançado pelo criador do seriado Downton Abbey em 2000, tratando de seu tema preferido: a aristocracia britânica e sua adaptação aos tempos em que plebeus são os donos do dinheiro. A luta entre tradição e poder é representada pela ascensão social de uma mulher bonita, observada por um amigo artista, que é seu passaporte para o mundo da nobreza. Um retrato impiedoso e sarcástico de um universo que se transforma lentamente, onde os novos ricos já são tolerados pelos aristocratas, desde que adotem um comportamento discreto e se contentem com uma vida que gira em torno das mesmas pessoas.

Como viajar sozinho em tempos de crise financeira e existencial (Record, R$ 22,90), do jornalista Hermés Galvão, agarra o leitor por seu texto divertidíssimo, repleto de dicas e críticas à experiência do viajante moderno planeta afora. Interrogatórios policiais, como lidar com a tripulação das aeronaves (jogue charme e consiga um tratamento VIP), o que evitar em qualquer local do mundo (crianças, adolescentes e grupos de brasileiros) são tratados com tanto humor que boa parte das recomendações se perde em meio às gargalhadas de quem lê.

Memória afetiva do botequim carioca, de Paulo Thiago de Mello e Zé Octávio Sebadelha (José Olympio, R$ 65), busca as origens históricas de uma das instituições mais tradicionais do Rio de Janeiro. No livro não entram os barzinhos gourmetizados da atualidade, mas lá estão pontos da boemia, identificáveis pelos nostálgicos leitores como parte de sua história.

Solteirona – O direito de escolher a própria vida (Intrínseca, R$ 49,90) é um dos bons exemplos desse gênero. Ao completar 40 anos, a jornalista Kate Bolick faz um inventário da própria existência, mostrando a importância em sua formação de cinco mulheres que não fizeram do casamento convencional a razão de suas vidas – a poeta Edna St Vincent Millay, as escritoras Edith Wharton, Maeve Brennan e Charlotte Perkins Gilman, e a colunista Neith Boyce.

O caderno do jardineiro (SM Edições, R$ 37), de Angela-Lago, traz poemas miúdos, econômicos em palavras de grande sonoridade e que remetem a narrativas imensas, lindas como as flores salpicadas nas páginas. Não falta variedade de gêneros poéticos, dos narrativos e descritivos ao sintético hai-kai O significado das cores (“amar ello/ver-me-yo/a su lado”). A sonoridade de cada verso transportam para um Brasil colorido, por vezes saudoso de outras eras (“parece um vestido de fustão debruado/que pertenceu talvez á minha avó nos tempos de colégio, quando ela voltava nas férias montada em um burro (...) cheirando a talco e pó de arroz no meio do cerrado”), exaltando a simplicidade num mundo que cultua a ostentação inexplicada (“guardanapos pretos também me aborrecem/a arrogância de alguns talheres inúteis”).