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Um bando de craques


E a música foi se entranhando em seu corpo, fazendo com que a sentisse como uma brincadeira de garoto, moleque atrevido que sonhava ser como os virtuosos que ouvia tocar.

Seu ambiente familiar, toda gente de muito bom gosto musical, incentivava o garoto, ajudando-o a se embebedar com os sons mais fascinantes que os instrumentos de músicos exemplares tiram; e com as rimas mais ricas que os poetas criam.

E o garoto cresceu, de filho passou à condição de pai; de aprendiz a profissional. A brincadeira infantil tornou-se ofício, mas o garoto já crescido, manteve a alma infantil, aliando-a à maturidade do jovem já adulto.

A música entregou-se às mãos do garoto/homem. Para ajudá-lo a compreender melhor o som que ouvia, tratou de buscar um companheiro para tratar de seu, um parceiro que o identificaria no meio musical. Veio o bandolim, e com ele a vontade de decifrá-lo, a ânsia de poder tê-lo como um grande amigo de infância.

E Ronen Altman cresceu. Num passo natural, veio o desejo de gravar um CD. Algo que, além de mostrar sua habilidade como bandolinista, serviria como cartão de habilitação para entrada no seleto mundo dos bambas instrumentistas.

E esse tal “cartão de habilitação” veio ao mundo em forma de um disco/congraçamento: de um lado, os músicos que o então garoto ouvia e se embevecia; do outro, o menino, já homem feito, bandolinista de responsa. Assim ele conquistou a premiação mais importante que um músico pode receber: ter o talento reconhecido por seus pares, deles obtendo o sinal de que o aceitam em seu seleto bando.

Com catorze faixas, produzido por Swami Jr. e Helton Altman, Som do Bando (Sonora) é o primeiro CD do bandolinista Ronen Altman. Convidado, um “bando” de doidos, tão genial quanto amadores (no sentido de quem ama o que faz), aceitou o convite para gravar um disco que nasce predestinado a ser referência para garotos que, como Ronen, também sonham ser instrumentistas profissionais.

Seguro, o som do bandolim de Ronen Altman tem personalidade. Alternando climas e nuances, chorosas ou ligeiras, as cordas do seu instrumento têm originalidade. A limpeza do som é plena de sentimento. Os solos e arpejos são de um virtuosismo exemplar...

É, o garoto apareceu. Reconhecido por arranjadores talentosos e instrumentistas virtuosos, ao dialogar com instrumentos de cordas e de sopros, em ótimos arranjos, o músico se realiza num lindo álbum, desses que a gente escuta dias sem parar, e a cada audição descobre um detalhe precioso a mais.

Ronen Altman deu Som do Bando de presente a si, aos ouvintes e a seus ídolos, os instrumentistas que sempre torceram por ele e agora o tem como um igual.

Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4