Loading...

Uma bela homenagem ao acordeom


Toninho Ferragutti compôs 11 peças para seu instrumento e as gravou em NEM SOL NEM LUA, CD recém-lançado pela antenada Biscoito Fino. Onze músicas divididas entre quatro arranjadores: Adail Fernandes ("Na Sombra da Asa Branca", "Forró Classudo", "Dominguinhos no Parque" e "Bico Doce"); Edson Alves ("Migo", "Sanfonema" e "Meia Saudade"); Antonio Duran ("Sanfoneon") e Naylor Azevedo, o "Proveta", líder da fantástica Banda Mantiqueira ("O Urubu e a Pipa", "Negra" e "Nem Sol nem Lua").Os maestros arregimentaram, para fazerem seus arranjos soarem, basicamente, dois violinos, uma viola, um violoncelo e um contrabaixo acústico. Nos violinos revezaram-se Ricardo Takahashi, Mayra Moraes, Nelson Rios, Simplício Soares, Karen Hanai e Alexandre Cunha; na viola, Gabriel Marin, Adriana Schincariol e Alexandre Razera; e no violoncelo alternaram-se Julio Ortiz e Raiff Dantas Barreto.A eles, em Nem Sol nem Lua somam-se a participação especial do bom Quinteto da Paraíba, formado por Nelson Dantas (violoncelo), Yerko Tabilo (violino), Ronedilk Dantas (violino), Samuel Espinoza (viola) e Xisto Medeiros (contrabaixo acústico), além da "tabla" do percussionista Guello, da flauta de Teço Cardoso e do violão de 7 cordas de Alessandro Penezzi.Uma homenagem ao mestre Luiz Gonzaga abre o disco: mais de oito minutos de contagiante brasilidade-musical-nordestina tão nossa e planetária quanto é a música criada pela genialidade do músico instrumentista aqui nascido; mais de oito minutos de boa música; mais de oito minutos que, somados aos outros quase 40 minutos, tempo que dura as outras 10 faixas, fazem de Nem Sol nem Lua um disco para ser apreciado por quem ama a música, seja ela do gênero que for, tenha ela a nacionalidade que tiver. Seguem-se, dentre outras, "Sanfoneon", "Sanfonema" - ótimas músicas cujos nomes, inventados pela verve de bom titulador que é Ferragutti, misturam sanfona a acordeom e a poema -, "Dominguinhos no Parque", homenagem a um outro grande acordeonista, e a belíssima "Negra".A música de Toninho Ferragutti não admite se prender nem ao espaço nem ao tempo. Nem ao sol nem à lua se limita o toque de seu acordeom, que não se deixa resumir. "Reduzir para quê?", perguntou um dia a sanfona ao sanfoneiro. Se o sanfoneiro calou, a sanfona entoou: nem sol nem lua - raio e trovão; nem sol nem lua - lenha e fogão; nem sol nem lua - samba, canção... E o sanfoneiro que a voz calou, todavia, não se poupou e apalpou forte o fole de sua bendita companheira. E o fez com tal ardor que, juntos, fizeram-se únicos, indivisíveis. Mãos palpando as teclas que correspondem ao toque de ponta de dedos rápidos e sutis, Toninho Ferragutti revela com seu instrumento a alma que o identifica. Celebra no acordeom a expressão do que sente e transforma este sentimento em sons com significados claros, feito os das palavras. Músico virtuoso concebe modernas harmonias para suas composições. Nelas, seu acordeom resfolega feito o trenzinho caipira retrata a faceirice nordestina; a elas o frevo para frevar, o samba para sambar, o choro para chorinhar. Nelas, bandoneia quando quer astor-piazzolar, palavreia quando quer poemar, encanta quando faz tocar. Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4 e autor de O Gogó de Aquiles, ed. A Girafa. Seus textos são publicados semanalmente no Acontece na  no Diário do Comércio (ACSP), Meio Norte (Teresina), A Gazeta (Cuiabá), Jornal da Cidade (Poços de Caldas) e Brazilian Voice (EUA). No rádio, sempre às segundas-feiras, das 15h às 16h, "O Gogo de Aquiles" vai muito bem, obrigado. Você poderá escutá-lo (no Rio de Janeiro) sintonizando diretamente na Rádio Roquete Pinto, ou (fora do Rio) na internet: www.fm94.rj.gov.br .