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meu nome é ébano


Texto de Euclides Amaral para a biografia

"Meu nome é ébano - Luiz Melodia", de Toninho Vaz.


“Luiz Melodia é um dos formatadores da moderna MPB, isto é, da geração citada no livro “1973, o Ano que Reinventou a MPB”, que mapeou com excelência tal data, por sinal, quando foi lançado o seu primeiro disco, o emblemático “Pérola Negra”, no qual foram registradas algumas de suas composições mais conhecidas, tais como “Estácio, eu e você”, "Magrelinha", "Estácio, holly Estácio", "Vale quanto pesa" e "Farrapo humano", além da faixa-título “Pérola negra”.


Com a sua polivalência perpetuou-se no cancioneiro popular por intermédio de suas composições e também de suas interpretações singulares para clássicos como "Diz que fui por aí" (Zé Kéti e Hortêncio Rocha), “Negro gato” (Getúlio Cortes) e “Codinome beija-flor”, de Cazuza, Ezequiel Neves e Reinaldo Arias, transformando-os em quase seus, em uma apropriação pertinente a seu desempenho de cantor.


Outra característica, pouco comentada em sua obra, é o seu trato com a letra e a poesia nas composições. Ainda que o texto poético tenha, na maioria das vezes, cadência e ritmo próprios, com a música colocada (harmonia, melodia e ritmo) é gerado um terceiro produto - a composição em si - privilegiando e ressaltando os dois principais códigos da MPB: A letra e melodia. Depois, é incorporado o arranjo, e por fim, a interpretação, que leva o produto para outro lado, dependendo do timbre e afinação.


Ele era profícuo em versos para as próprias melodias e nos que produzia para violonistas como Renato Piau, Perinho Santana e Ricardo Augusto, assim como quando musicava letras e poesias, como nos casos de “Começar pelo recomeço” e “Que tal”, endereçadas a ele pelo poeta Torquato Neto, e ainda, “Retrato do artista quando coisa”, poema do amigo Manoel de Barros, que veio a nomear o seu CD do ano de 2001.


O Luiz Melodia foi mestre em gerar este terceiro produto, quando compunha (como letrista ou melodista) e na interpretação de outros autores, sendo este o seu legado à MPB.”


Euclides Amaral (poeta-letrista e pesquisador de MPB)