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Passado e presente em direção ao futuro


Encontrei uma Lapa diferente. Parece que sofreu uma cirurgia plástica. Seu casario antigo hoje abriga tecnologia e recebe a juventude em seu interior. A oferta de estilos abre um imenso leque de opções diante do jovem público ávido por consumir as novidades do presente sonhando os sonhos do passado.

Mas não pra mim. Pra mim foi fácil saber onde ir. O que um cinqüentão de barbas brancas e quase careca (quase totalmente), roqueiro praticante iria querer na Lapa?

Samba, é claro!!! Eu explico: Lapa. Sempre foi reduto da boemia e da malandragem. O samba sempre foi o representante da categoria. E como o negócio era a dobradinha presente/passado, nada melhor do que o bom e velho samba fluindo através da nova geração.

Não restava a menor dúvida: o programa era o show do DNA do Samba, no Estrela da Lapa. A casa já é um show à parte. Ar condicionado poderoso para fazer frente ao calor senegalesco do verão carioca. No interior, espaços, iluminação, decoração. Tudo na medida certa. Os preços também não eram de assustar. Talvez por isso, naquela noite, houvesse duas comemorações de aniversário na casa.

Começa o show e os sete rapazes ocupam em linha seus lugares no amplo palco. Para uma casa noturna, um bom espaço. Bom som. Podia melhorar a iluminação de cena... O DNA do Samba é formado por Júnior de Oliveira (neto de Silas de Oliveira), substituído por Blade naquela noite; Raoni Ventapani (neto de Martinho da Vila); Nei T. Lopes (neto de Nei Lopes); Ronaldo Mattos (filho de Nelson Sargento); Diogo Pereira (neto de Noca da Portela); André Lara (neto de Dona Ivone Lara) e Hudson 7 Cordas (filho de Carlinhos 7 Cordas).

O vigor com que os “meninos” caem em cima do repertório dos monstros sagrados do samba é um tapa na cara de tantos pagodeiros burocratas que andam se apresentando por aí. Sua juventude traz a ousadia do novo. Da experimentação. Seja na vocalização, na batida ou na levada do cavaquinho e do bandolim. Mandaram muito bem.

A beleza disso tudo é ver que as coisas não estão paradas no mundo do samba. É possível e é preciso que seja dado o real valor a esse verdadeiro patrimônio cultural brasileiro, em especial, carioca. Esses “meninos” estão de parabéns assim como as casas que os recebem e o público que os escolhem. Nem tudo está perdido.