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Primeiro romance de P.H. Bojunga aborda tema tabu do suicídio e da doença mental


O personagem principal Atlas - que dá nome ao livro - tem dezessete anos e, junto com as descobertas da adolescência, se depara com um sofrimento que nunca o abandona e torna excruciantes as vivências mais marcantes dessa fase: namoro, escola e relação com amigos e família. O leitor acompanha a incursão do jovem até ele entender que tem problemas psiquiátricos, que passam por ansiedade, despersonalização e depressão.


Com um relato em primeira pessoa entramos na mente desse adolescente. Em um dos trechos, na primeira consulta com um psiquiatra, ele descreve a angústia que sente durante uma crise de despersonalização: “É como se... Fiz uma pausa para descobrir a melhor forma de explicar. ...nada fosse real. Simples assim. Parece que estou vivendo dentro de uma simulação.”


O personagem-título é uma referência ao titã Atlas da mitologia grega, que recebeu um castigo de Zeus, e carrega o mundo em seus ombros eternamente. Mas, nesse caso, o protagonista carrega o mundo interior nas costas, ou melhor, é assombrado por ele. E, assim, não consegue ter uma vida funcional.


Incomodado por essa dor invisível e constante, Atlas se questiona: “Sou jovem, saudável, tenho parentes que me amam. Procuro e não enxergo problema nenhum, então por que essa sensação horrível aqui dentro?” Quando chega ao limite, após sucessivas crises, pensa em se matar. O livro aborda esse tema tabu, sem glamourizá-lo, ao mesmo tempo que aponta um caminho. O personagem procura ajuda profissional, toma remédios e, aos poucos, vai melhorando. Em uma linguagem direta e acessível, o livro apresenta o sofrimento sem autopiedade, ao mesmo tempo que o processo de melhora não é encarado como uma redenção ou cura. O caminho é tortuoso e incerto. Assim, PH Bojunga traça um relato comovente e sem preconceito sobre a doença mental.


O autor revela que o livro tem traços autobiográficos e conta sobre o desafio de abordar o tema: “A intensidade da dor é difícil de comunicar para quem nunca passou por uma situação semelhante. As pessoas não conseguem entender que não é como uma perna quebrada” e, complementa, “é importante dar nome às coisas, saber que o que você está sentindo tem um nome.” “Atlas” faz exatamente isso ao apresentar com clareza e sem estereótipos, o ponto de vista do paciente com transtornos psiquiátricos.


Paulo Henrique Bojunga nasceu no Rio de Janeiro em 1989. É graduado em Cinema pela PUC-Rio e Pós - graduado em Escrita Criativa pela faculdade UniÍtalo, pelo Núcleo de Estratégias e Políticas Editoriais (Nespe). Também teve um texto selecionado para uma coletânea de contos da editora Esboço Cultural.



Serviço: Lançamento do livro “Altas”, de P.H. Bojunga

Editora: Oito e Meio

90 páginas

R$38