Loading...

Um desassossego tranqüilo


Aconteceu na noite de 02 de junho de 2008. Tudo caminhava dentro da normalidade de mais um dia de muito trabalho. Nove horas da noite. Chego ao simpático Bar do Zira, na livraria Letras & Expressões de Ipanema, para relaxar trabalhando ou trabalhar relaxando, como preferirem.

Equipamento montado, um red label em doses generosas e preço honesto. Aquele ambiente super aconchegante fez-me arrepender de não ter ido com a minha mulher. Tudo isso foi só a introdução daquilo que seria o melhor da noite: o show de Daniel Del Sarto.

Não sei se deveria, mas confesso. Nunca tinha ouvido falar no cara. Não ouço rádio, tampouco assisto a novelas. Quando publiquei a matéria do show (no ar durante todo o mês de junho), por mais que eu me esforçasse, não consegui escapar ao rótulo de (*) “mais um rosto bonito de ator televisivo”. Mesmo assim, fui conferir.

No pequeno palco (pequeno mesmo) se apresentou um grande artista. Claro, com muito chão pela frente. Como eu, como você, como todos nós. Mas um grande artista. Daniel mostrou que tem os ingredientes necessários para alcançar o sucesso também nos caminhos da música.

O cantor e compositor, há mais de 15 anos trabalhando com música, apresentou um trabalho atual bem escolhido e bem executado. Suas interpretações exploram toda a sua experiência como ator, principalmente nos momentos em que recita seus textos no meio da música. Daniel é também um competente guitarrista, mas sua juventude e especialmente a verdade com que passa suas composições, são de longe seu maior valor.

Volto para casa com a estranha sensação de que deveria ouvir com calma o CD DESASSOSSEGO e conhecer melhor o trabalho do ator-cantor-músico.

Por fora uma bela foto de Daniel abraçado a sua guitarra, por dentro um encarte muito bem feito com as letras das músicas, fotos e ilustrações. Depois de ouvir pude entender a estranha atração que  eu tinha sentido pelo trabalho novo que acabara de conhecer. Suas músicas são de um estilo pop rock internacional. Ficam muito bem cantadas por ele. Mas se fosse em inglês e viesse de fora do Brasil, já teria estourado nos quatro cantos do mundo. Os arranjos são simplesmente ótimos, especialmente em “Super-homem ao avesso”.(*) “A mídia é só mais um bordel”, diz ele. Concordo, mas com uma ressalva: apesar de fazer parte dela, não me considero um prostituto a seu serviço.

Fotografo aquilo que quero e escrevo sobre aquilo o que gosto. Faço tudo com muito prazer e com muito prazer escrevo minhas opiniões pessoais sobre aquilo que, de alguma forma, me emociona. Para quem como eu, não conhecia Daniel Del Sarto, após assistir seu show, ouvir e ler minunciosamente o encarte do CD, tenho a sensação de agora conhecê-lo bastante através de suas letras, de sua dedicatória e dos seus extensos agradecimentos. 

Boa sorte e siga em frente. Com certeza a montanha não é assim tão alta para quem tem amor e verdade no coração.(*) retirado da letra de “Veto” (Daniel Del Sarto).