Loading...

Viva Caju ! ! !


No ano em que Cazuza completaria 50 anos, o Projeto TIM Música 2008 promoveu um encontro de titãs da MPB. Amigos, parceiros e fãs interpretaram as canções  dele para uma platéia de cerca de 50 mil pessoas, que enfrentaram aquela noite fria para participar daquele momento. Foi emocionante.

Contrariando a letra e esbanjando preparo físico, Ney Matogrosso abriu os trabalhos com “O Tempo Não Pára” e, ao final de sua apresentação, deixou a certeza de que seria a melhor atração da noite. E foi, na minha opinião.

Em seguida, Leoni ocupou o palco e mostrou sua versão de “Mal nenhum” que, se comparada à gravação feita pelo Lobão, nada deixa a desejar.

Depois, veio a Sandra de Sá que, apesar da grande confusão com a letra de “Eu Preciso Dizer Que Te Amo”, A-RRE-BEN-TOU (eu sei que está errado) em “Blues da Piedade” Sandra chamou Preta Gil que, dirigindo-se à platéia, se auto-proclamou a herdeira de Cazuza. Da loucura de Cazuza. Eu concordo.Preta atacou de “O Nosso Amor a Gente Inventa” e, se não empolgou, também não comprometeu.

Aí, veio a Zélia Duncan. Com interpretações dignas de seu status na MPB e com o auxílio luxuoso de Arnaldo Brandão, mandou super-bem as duas músicas que lhe couberam. Na seqüência Arnaldo Brandão, que andava meio sumido desde os tempos do Hanói Hanói, assumiu os vocais e fez sua reaparição a um grande público.

Chegou a vez de George Israel dar a sua contribuição ao espetáculo. Com muita simpatia e competência, fez uma sensível interpretação para “Solidão Que Nada”. Nos vocais e no sax.

Ângela Ro Rô foi outra que dominou a cena. Interpretou “Malandragem” como se a música de Cazuza e Frejat tivesse sido feita pra ela. E foi mesmo.

A seguir, Rodrigo Santos protagonizou o momento mais emocionante quando fez um dueto virtual com o homenageado em “Por Que a Gente é Assim”. Parecia que o cara estava lá! Eu acho que estava o tempo todo mas, naquele momento especial confesso que senti um arrepio. O mesmo arrepio voltei a sentir ao escrever agora.

Chegou então a vez da aguardada participação de Caetano Veloso. Não sei o que dizer. Caetano é o máximo! Como um bom vinho, fica melhor com o passar dos anos. Achei apenas um pouco deslocado. Pouco à vontade. Perfeito em “Minha Flor, Meu Bem”, nem tanto em “Maior abandonado”.

Então aconteceu a surpresa da noite para mim. Anunciados como representantes da nova geração do pop-rock nacional, a gracinha de cantora Liah e Gabriel Thomaz, do Autoramas, cantaram “Bete Balanço” com a ajuda de Rodrigo Santos.

Para o delírio de inúmeras tietes que se rasgaram com a sua aparição, Paulo Ricardo assumiu o comando. Apresentando uma forma física invejável para um quarentão (Ih! Não era pra falar?), cantou, dançou, desfilou e agitou com energia e sensualidade que empolgaram em sua interpretação de “Exagerado”.

A última atração da noite foi Gabriel O Pensador. Sua versão rap para “Brasil” ficou meio fora do contexto. Apesar de curtir muito suas letras, achei que ficou fora do tom do resto das músicas mas, valeu a homenagem.

Finalmente, como era de se esperar num evento como esse, todos juntos foram ao palco para cantar “Pro Dia Nascer Feliz”. Ouvir as velhas gravações, legado que o saudoso Cazuza deixou a seus fãs nem sempre me alegra. Ao mesmo tempo em que é impossível não admirar suas músicas, é igualmente impossível não flutuar entorpecido no vácuo que sua ausência deixou entre nós. Suas interpretações em “Blues da Piedade”, “Down em Mim”, “Solidão Que Nada” e “Cartão Postal” me fazem sentir mais ainda sua falta. Nesse marasmo em que se encontra a música pop brasileira, fico esperando que algo de bom aconteça enquanto ouço com saudades as obras do passado que mantêm presentes as lembranças e as esperanças no futuro.