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Alfred Hitchcock


Quando foi para Hollywood, estreou com Rebeca, uma comédia romântica, cheia de suspense, sem ser o legítimo thriller que iria caracterizar seus maiores filmes.

Em Os pássaros, criou efeitos especiais no ataque dos pássaros – e não há quem não se arrepie com as bicadas dos pássaros raivosos, perseguindo as crianças na saída da escola, ou os pássaros tentando arrebentar as janelas de uma sala, se atirando contra a madeira como uns verdadeiros suicidas. Em Psicose, criou talvez a mais célebre cena de horror cinematográfico, quando Anthony Perkins mata Janet Leigh dentro de um chuveiro.Ela está hospedada num hotel de estrada, Perkins é o proprietário, figura que ninguém adivinha que guarda no segundo andar de sua casa o cadáver de sua mãe, na verdade um corpo todo esqueleto, ossos à mostra, embora vestido com a roupa da mãe. E é com a roupa dela, sentindo-se como essa mãe já morta há anos, que ele comete seus crimes.

A cena do chuveiro é inesquecível. Dizem que entre o aparecer da sombra de Perkins até a morte de Janet Leigh várias vezes esfaqueada pelo assassino são, pelo menos, umas 50 pequenas tomadas que editadas dão todo o impacto da cena.

Em Vertigo, um detetive adquire acrofobia, alguma coisa como medo de altura. Ele (James Stewart) é enganado por um casal de amantes. O marido quer se livrar da mulher para ficar com a amante, no caso Kim Novak na sua melhor interpretação. Ela é seguida por Stewart, ele é contratado como detetive pelo marido para seguir essa mulher que não é a esposa e sim a amante. O marido diz que a mulher é psicótica. Stewart está encarregado de vigiá-la. Eles acabam se envolvendo emocionalmente, Stewart se apaixona pela mulher, que ainda pensa ser a mulher que ele deve vigiar.

Num determinado momento, ela se atira de uma torre e Stewart vê um corpo de mulher cair. Acredita que foi ela que se suicidou, mas sua acrofobia não lhe deixa olhar para baixo, pela janela. Nesse caso, ele veria que a mulher que ele seguia estava nos braços do amante e que a mulher que havia caído era outra. Vertigo e o filme mais complexo de Hitchcock e um dos preferidos da crítica. Não vou contá-lo todo aqui, só aviso que Kim Novak reaparece no filme, não mais loura como iniciou e sim de cabelo preto. Stewart reconhece nela a primeira mulher e tenta descobrir a verdade atrás de tudo isso. Aconselho que vejam em vídeo ou esperem que passe outra vez na televisão. É obra prima.

Outro filme de Hitchcock memorável, Janela indiscreta, onde James Stewart faz um personagem que quebrou a perna e está obrigatoriamente sentado em seu apartamento, sem se mexer. Não tendo o que fazer, olha num telescópio de sua propriedade e começa a espiar a vida do apartamento em frente. Ele começa como um simples voyeur e acaba testemunha de um horrível crime.

Frenesi, um de seus últimos filmes, tinha uma cena, das mais fortes que o mestre realizou: o assassino pervertido possui uma mulher praticamente à força e termina por estrangulá-la. Hitchcock faz com que o horror da cena supere claramente a possível sexualidade do momento.

Sobre essa história de mulher loura e mulher morena, Hitchcock estabelece no seu livro/entrevista com François Truffaut uma discussão interessante.

Truffaut pergunta porque sua preferência pelas louras – e olhem, são muitas, é só contar: Madeleine Carrol (39 degraus), Doris Day (O homem que sabia demais), Grace Kelly (Janela indiscreta e Ladrão de casaca), Tippi Hegren (Os pássaros e Marnie, a ladra) – e Hitchcock afirma que são elas, as louras, as figuras realmente perigosas como mulher, muito mais ferozes que as morenas. “Você pode ter certeza que uma loura ficando sozinha com você no quarto, não leva tempo para abrir a braguilha. Já as morenas de olhar sedutor – Ava Gardner, Sofia, Maria Felix e mais e mais – são aparência, é nas frígidas, as aparentemente frígidas louras que o sexo é mais forte”.

O que acham dessa dica do mestre Hitchcock?