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Mustafá, o grande mafioso


A última delas intitulava-se CONEXÃO BOMBA e foi o próprio Adolfo que me deu a pauta. Tratava-se do assassinato de um norte-americano, seu vizinho, na Avenida Atlântica. Bloch morava no Edifício Chopin, o crime ocorreu no Ballada, 1782, bem ao lado. A vítima chamava-se Nasser Mustafá Beydoun, tinha 52 anos, era libanês naturalizado. Ocupava um apartamento de catorze cômodos e estava foragido de organizações políticas do Oriente Médio, da CIA e do FBI. O que teria ele feito de tão grave? Era o vendedor de armas para Saddam Hussein. Detalhe: o que negociava com o então líder iraquiano, oferecia aos curdos, iranianos, e xiitas.Nessa época o chileno Carlos Cardeon (até hoje foragido) tinha inventado uma arma fantástica que vinha interessando a diversos governos. O ditador Hussein, entre eles. Tratava-se de uma bomba “guarda-chuva” que, lançada por um fogete, a 400 metros de altura fazia explodir um artefato do tamanho de uma bola de golfe. De dentro saiam 150 grãos de “ervilhas atômicas”, cada uma delaspoderia destruir um bairro com mais de mil moradores. Mustafá ganhave US$ 500 por ervilha. Com tanto dinheiro, sabia conquistar amigos utilizando-se de um método infalível: emprestava altas somas em dólar e, na condição de credor, não apertava os devedores. O esperto traficante morreu misteriosamente e a mídia brasileira, na época, ninguém sabe o porquê, pouco falou do assunto. Quando Adolfo me convocou para cobrir o caso, disse que somente a Manchete daria destaque ao homicídio que agora transformo em livro a ser lançado pela editora A Girafa, de São Paulo.