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Nasce uma editora


Agora, numa segunda edição, revista e melhorada, sairá com o selo da Editora República, que inicia suas atividades publicando livros populares, vendidos a preços baixos, em bancas de jornais.O diretor da editora é o Ricardo Vieiralves que, também, preside o Museu da República. As atividades editoriais se iniciarão com uma série de publicações que farão o resgate de figuras históricas, empurradas para o esquecimento por motivos políticos ou até, mesmo, por simples intrigas pessoais como foi o caso de André Rebouças.Defensor intransigente da libertação dos escravos e engenheiro que realizou muitas obras na capital da corte (Rio de Janeiro), tendo participado da Guerra com o Paraguai, condenava a ação de certos chefes-militares brasileiros que foram para lá visando enriquecer. As críticas eram duras e o que mais preocupava os criticados: o engenheiro mantinha contatos diretos com o imperador Pedro II e com sua filha a princesa Isabel.Rebouças acreditava na recuperação do regime imperial brasileiro, desde que o imperador conseguisse livrar-se da classe política corrupta e dos militares oportunistas que só se movimentavam em defesa de seus próprios interesses. Por isso, a situação política de André Rebouças, também chamado “Mauá negro”, era das mais singulares: sendo abolicionista e criador de associações que pregavam a libertação dos escravos pelos quatro cantos do país, colocava-se junto aos republicanos mais radicais, embora acima disso estivesse sua amizade pelo imperador Pedro II e a grande admiração que mantinha por Isabel, uma espécie de paixão no melhor estilo platônico.Por isso, quando os republicanos de 15 de novembro de 1889 promoveram a derrubada do regime monárquico, forçando a fuga da família imperial, Rebouças não pensa duas vezes: vai junto com os fugitivos, na esperança de melhores contatos com Isabel, o que jamais aconteceu, embora seu marido o conde d´Eu não demonstrasse por ela a menor afeição. Viviam juntos, na condição de marido e mulher, por interesses políticos, nada mais.Com a morte de Pedro II (Paris, 1891) Rebouças deixa Lisboa. Vai viver em Funchal, Ilha da Madeira, onde funda uma escola para alfabetização de jovens e lá mesmo morre ou é morto (1898), de maneira misteriosa.A respeito desse personagem, que naqueles tempos chegou, inclusive, a defender a reforma agrária, nada nos contam os historiadores oficiais. É como se ele nunca tivesse existido, o que nos faz lembrar: Nelson Werneck Sodré estava mais que certo; é necessário e urgente que se comece a escrever a História Nova deste país. A História Velha virou repositório das memórias dos corruptos e espertalhões que, mortos, são exaltados pelos escribas, a ponto de se tornarem heróis e até santos, costume esse que segue em prática.