O carcereiro seguia na frente, penca de chaves na mão. Tinha bunda grande e arrastava de leve a perna direita. Chave de fenda e um alicate no bolso de trás. Para quê, não sei.
Último general presidente que a ditadura militar nos fez engolir também era um especialista em caneladas. Depois de ter declarado que preferia o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo, confessou que “daria um tiro no coco” se tivesse que sobreviver com um salário mínimo, e que ia prender e arrebentar quem não aceitasse a (então inevitável) abertura política.
No último dia do ano, Carlão aproveitou a família reunida para fazer algumas promessas a respeito de providências que tomaria na primeira hora do dia seguinte, tão logo acordasse para viver o ano novo.
Como diziam as mães antigamente, quando o filho estava prestes a se meter em encrenca, “não brinque com o fogo” (“cuidado com o dedo na tomada, com a ponta do prego, com o caco de vidro” também se usava bastante). Hoje as crianças praticamente não brincam mais como fogo – nem com nada, pois brincar saiu de moda; agora levam a vida a sério, olhos e dedos paralisados no celular. Mas ainda podemos recomendar aos adultos: não brinquem com o fogo, pois o prejuízo pode ser irremediável.
Eu já sabia que nesta data, em 1822, fora proclamada a Independência do Brasil. Mas não sabia o que era independência. Muito menos o que era proclamação. E de Brasil sabia muito pouco.