“Eu não sentia tanta atração pela ideia de Tropicalismo, porque botar esse nome parecia que a gente queria fazer um negócio dos trópicos, no Brasil e do Brasil. Não queria que fosse esse o centro da caracterização do movimento! (Caetano Veloso, cantor e compositor, um dos nomes mais conhecidos da Tropicália)
A ilusão de que ser homem bastaria “Gilberto Gil estava hospedado na casa de Caetano Veloso no Rio de Janeiro, quando, um dia, o anfitrião chegou entusiasmado com Super-Homem (Superman), um filme que acabara de assistir, com Christopher Reeve no papel de herói. Então, Gil “viu o filme” através da narrativa de Caetano e naquela noite não conseguiu dormir. Ficara tão impressionado com a imagem do Super-homem fazendo a terra girar ao contrário em seu movimento de rotação, a fim de voltar a tempo e salvar a mulher, que acabou pulando da cama para compor Super-Homem – a canção em apenas uma hora, o que contraria seu método habitual de trabalho”.(Relato dos escritores e pesquisadores Jairo Severiano e Zuza Homem de Melo, em A Canção no Tempo, volume 2. Editora 34, 1998).
Ela disse que estava muito cansada da vida que levavam juntos e que ia embora. Falou isto enquanto ajeitava a sobrancelha esquerda com a mão direita e jogava os cabelos para trás, fazendo um movimento bem feminino (e quase sempre arrasador) com o pescoço.
Foi um ano de doer. Doeu no bolso com a economia perdendo o rumo, trabalhadores perdendo empregos, pais e mães de família perdendo a paciência, esperançosos perdendo tempo na filas do seguro, dos hospitais e das escolas públicas na luta por uma vaga – especialmente pelo êxodo daqueles que tiveram que esquecer o sonho do ensino particular, uma vez que mensalidades ficaram proibitivas.
Esta semana, no último dia 30 de novembro, fez 35 anos da data em que o Brasil e nossa música popular perderam um criador genial (sinto muito pelo lugar comum, mas fica difícil encontrar outra definição quando se fala de Angenor de Oliveira, o compositor Cartola), nascido no Catete (onde ainda menino já tocava cavaquinho, ao lado do pai, no bloco Arrepiados), com passagem por Laranjeiras (ali estudou até o primário) e criado no Morro de Mangueira – mais carioca impossível.