Um pensamento (encapetado) das antigas garantia: “O diabo quando não vai manda o secretário”.
Parodiando a lenda amazônica do boto encantador, que à noite saía das águas do rio para engravidar as donzelas, na cidade onde passei a infância tinha um fantasma com essa mania.
A bala, essa que estala, chega sempre de surpresa (mesmo quando encomendada e anunciada) no quarto, no corredor ou na sala. A bala em traje de gala não desarruma o cenário. A bala despida se aloja às escondidas, na contramão. No peito, na cabeça ou mesmo no coração. Não adianta implorar, correr, chorar.
No Buteco do Jisus, em Botafogo, eu perguntava (só de sacanagem, porque o cardápio era sempre o mesmo): “Alípio, o que tem tem hoje?” “Você escolhe. Bife ou frango. Arroz e feijão acompanha. Pode ser com ligume ou com virdura.” “O que é o legume, Alípio?” “Ligume é ligume, oxente! Batata, chuchu e cenoura.” “E a verdura?” “Virdura é virdura. Alface, tumate e cibola.” “Pode vir também um ovo?” “Pode. Mas aí é fora à parte...”*************************************************************************************************************************
Natalinas Papai Noel suava de dar pena, a roupa imprópria para os trópicos colada ao corpo e a barba de algodão começando a virar uma pasta ensebada. Gritava Hô! hô! hô! hô! pelas ruas do Centro, pra lá e pra cá. Hô! hô! hô! hô!, com o saco vermelho às costas, cheio de papel amassado e caixas de presente vazias, o que aumentava mais ainda a sensação insuportável de calor.