Em 2006 comemoramos o centenário de nascimento de Radamés Gnattali (1906-1988). Pianista, compositor e arranjador, este gaúcho de Pelotas trouxe para a música brasileira, desde o início do século passado, viço e personalidade nunca vistos até então. Radamés sempre esteve à frente de seu tempo.

Bebel Gilberto lançou seu terceiro CD. Depois de lançar TANTO TEMPO (2000) e outro que tem como título apenas seu nome, ela chega com MOMENTOS (Sony/BMG). Pleno de acompanhamentos eletrônicos, ele parte em busca de sons que representam o que se faz e ouve no Brasil, nos EUA, no mundo. Talvez seja pretensão demasiada; talvez não... O certo é que se trata de um desafio e tanto, este ao qual Bebel se entregou.

Abre a roda, moçada! Na palma da mão, o samba marcado, o pagode de responsa. O samba é no pé, miudinho; o samba das cadeiras da mulata, do gogó do bamba, da manha da cabrocha, do ritmo do poeta, da poesia da compositora.

Kabelo não é fraco, não, ele é o funk em estado brutalizado. Ferino em forma de pancada na lata, na cara, nas fuças, nas ruas e nos becos. Som de mangue, de vila operária e dos bailões dos bondes; delírios de mudança; festas da pancadaria; da madrugada que traz a nóia, a maré sem a bóia. Morre o mocinho, vive o vilão; só dá ladrão, político espertalhão; a palavra é de poeta, a cara de operário; a moça é virgem, o rapaz é otário; fazer sexo, sensualidade. Vem a sorte; está à troca, à venda. Tanta maldade surrupia a verdade. Confusão: real, imaginário, força, doença... Do vulcão a lava, do carvão o fogo, do vôo o ar, da luz o luar. Maldade, tanta. Crueldade, boniteza, lerdeza, rapidez, embriaguez...

Para tempos conturbados como os atuais, que nos arrastam para dentro de nós mesmos, Amor Blue, o novo CD independente de Sueli Costa, é um bálsamo e só foi viabilizado por contar com o apoio da Prefeitura de Juiz de Fora, através da Lei Murilo Mendes.