Uma vez brinquei que gostaria de publicar um livro com flores como marcas d’água sob belas palavras dispostas em uma folha creme. Parecia que estava pressentindo que Angela-Lago ia estrear em poesia com O caderno do jardineiro (SM Edições, R$ 37). Ela, que coleciona Jabutis e prêmios internacionais como escritora e ilustradora especializada em literatura infanto-juvenil, desenha poemas miúdos, econômicos em palavras de grande sonoridade e que remetem a narrativas imensas, lindas como as flores salpicadas nas páginas.
Em 2050, o número de idosos deverá superar o de crianças no planeta, pela primeira vez desde o início da existência da humanidade. Além de uma leva de novos profissionais, dedicados a cuidar e tratar dos idosos, a sociedade terá que se adaptar aos velhos, atualmente ainda vistos – com exceções notáveis dos que têm saúde mental intocada e poucos problemas físicos – como indesejáveis. Receber este cidadão que constrange os mais jovens é do que tratam muitos títulos, procurando desmistificar a velhice e derrubar os estigmas que cercam os longevos.
Completo este ano cinco décadas de leituras por conta própria. Fui alfabetizada aos 5 anos, o que liberou a tarefa diária de minha mãe de ler para mim as tirinhas em quadrinhos dos jornais. Eu acompanhava avidamente as aventuras de Flash Gordon, Mandrake, do Príncipe Valente e de Rex Morgan, um médico, além de Brucutu, Ferdinando, de Al Capp, e o Fantasma. Todos protagonistas masculinos, com “noivas” que jamais conseguiam arrastá-los até o altar, exceto se fizessem como Daisy Mae, a namorada de Ferdinando, que consegue laçá-lo no “Dia da Maria Cebola”, quando as solteironas correm atrás de seus pares, que, se alcançados, são obrigados a se casar. Diana Palmer acabou deixando seu trabalho na ONU para viver com o Fantasma nas selvas africanas, assim como Aleta, que abandona as Ilhas Misteriosas, onde é rainha, para acompanhar o Príncipe Valente em diversas aventuras.
Em 2015, a jornalista gaúcha Babi Souza, angustiada por descer sozinha, à noite, de um ônibus para voltar do trabalho, criou uma página na Internet incentivando mulheres a se juntarem a desconhecidas sempre que se sentissem em risco, quando desacompanhadas. Em pouco mais de duas semanas, a página tinha mais de 100 mil seguidoras, que começaram a divulgar suas experiências de entrosamento com outras mulheres. Em Vamos juntas? (Galera Record, R$ 34,90), Babi faz mais que mostrar esses casos e destrincha aspectos do feminismo na atualidade.
A experiência de viver em nações com diferentes culturas sedimenta a noção de humanidade? Esta é apenas uma das perguntas que podem ocorrer ao leitor de O Árabe do Futuro – Uma juventude no Oriente Médio (Intrínseca, 39,90), do quadrinista Riad Sattouf, que passou a infância na Líbia e na Síria, visitando a casa dos avós na França, todas as férias.
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