Mario Adnet lançou um disco de músico que faz música para quem ama a música. Lá, o som brilha como se iluminasse salões e corações que estavam em triste penumbra. Mas certamente assim não continuaram até um primeiro músico empunhar seu instrumento e se fazer ouvir. E vieram outros músicos, e tocaram sons díspares que deram a senha para o início do sarau em que a música é a principal fonte de alegria.

No mês em que completa 100 anos, o frevo foi elevado à condição de patrimônio cultural imaterial do Brasil. Merece, pois é manifestação musical sinônimo de liberdade. Desprendidos são seus mestres, cujo repertório embala carnavais e enriquece a música brasileira desde 1907. Livres são as pernas que dançam o frevo.

Acabou o carnaval. A Universal lançou o CD de Dudu Nobre cantando sambas-enredo. Caso tenha sido uma estratégia planejada - lançar um disco musicalmente muito bem cuidado, como se ali estivessem músicas de meio-de-ano (que era como antigamente se chamavam as canções gravadas fora do período de carnaval, consideradas de maior valor musical) -, ela se mostrou eficaz, pois servirá para desmistificar possíveis preconceitos contra músicas feitas para o período carnavalesco.

Não se iluda não, minha querida leitora, meu caro leitor: há vantagens sim no passar do tempo. Rever conceitos arraigados, antes vistos como imutáveis, certamente está nessa lista.

Perdoem-me os mais experientes, mas eu acho que enquanto os jovens não encontrarem um jeito de se divertir com uma manifestação musical, qualquer que seja ela, infelizmente de pouco adiantará esquentar a cabeça pensando em como preservá-la e levá-la às gerações futuras - tentativa sempre plena de desesperançada amargura.