Quem ouvir Juliana Caymmi cantar proporcionará a si mesmo surpreendentes momentos de felicidade. Seu canto tem a suavidade de quem sabe que pode encantar quem quiser. Ele pode ser dramático, ou mesmo mordaz; mas o que mais impressiona nele é a simplicidade com que soa, mesmo sendo tudo isso e mais aquilo.
"Samba pro Mozar" abre o disco com Cleber Almeida tocando nas peles de sua bateria, por vezes triscando nos pratos. Logo a ela se juntam o sax alto de Mané Silveira, o violão de Ricardo Matsuda e o baixo acústico de Zé Alexandre Carvalho. Durante alguns compassos, violão e sax fazem duo. Mas logo o sax assume as rédeas e desembesta a criar fraseados de grande estilo melódico. A cozinha balança no embalo do frenesi provocado pelo sopro quente de Mané, que segue em frente na missão de fazer da música um exercício de criatividade. O piano pede passagem e assume a vez de improvisar. O sax sai de cena. Baixo e batera não, continuam lá, acesos. Aos poucos o sax vai voltando e dando o ar da sua graça; logo o duo com o violão retoma o pulso do tema, improvisando sobre ele, enquanto a quebradeira da cozinha taca ainda mais lenha na fogueira. O ritmo de samba estanca. Resta o piano. Para dar o toque final, vem o baixo. O sax alto, tocado com maestria por Mané, que escreveu o arranjo cheio de suingue e bossa, conduz ao final a homenagem composta por ele para o pianista, compositor e arranjador Mozar Terra.
Depois de tocar com alguns grandes nomes da música, o catarinense Luiz Meira, além de bamba na guitarra e no violão, demonstra ser também bom cantor e bom letrista. Em seu segundo CD, Te Chamo Felicidade (independente), há cinco letras dele. Em onze faixas, nas quais ele se reveza no violão e na guitarra, Meira confirma ter bom balanço, avivado por divisões rítmicas dignas de um sambista de respeito, e uma voz afinada que trata com carinho os versos que interpreta.
Assim como o CD Cidade das Noites juntou à cantora Anabela os compositores Edu de Maria e Renato Martins e o poeta Roberto Didio, numa criação coletiva extremamente bela que lançou a cantora, agora é a vez de a galera voltar a se juntar para gravar O que vai ficar pelo salão (independente), o primeiro CD de Gabriel Cavalcante.
Tudo acontece no Morro do Querosene, no Butantã, bairro da zona oeste paulistana. Na pracinha do lugar, palco de manifestações culturais que vão do bumba meu boi, do tambor de crioula e dos mamulengos, até o samba de roda, o maracatu, a folia de reis e a capoeira, a cultura popular está viva, forte.
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